segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Coming Back to Pré-historia ou Let's go to Pós-história?



Coming Back to Pré-história ou Let’s Go to Pós-história?

Por José Gomes

Meio ambiente é um assunto perene, recorrente e que nunca cai de moda. Fala-se em preservar vegetação, poupar água, evitar poluir o ar, destinar corretamente o lixo, dentre outros aspectos que aludem a esse tema.
Conferências sobre clima, conclaves sobre desmatamentos, congressos sobre poluição... Muitas iniciativas ao redor do Globo têm sido levadas a cabo na tentativa desesperada de conter os estragos que os bípedes humanos fazem no seu cenário de vida. .
Viajando pela Estrada do Feijão ou pela Rodovia Lomanto Junior, com destino a Feira de Santana, a Salvador e outros, tenho constatado o processo de desertificação nos territórios serpenteados pelas referidas “highways”, em especial nos municípios pertencentes ao Território de Identidade da Bacia do Jacuípe, a partir da cidade onde resido – Várzea da Roça. Nesse vasto terreno árido, quente de minguada flora – fauna não há mais, o que outrora era a bela “mata branca”, verde e florida na primavera, hoje  é extenso espaço que agoniza  pela impiedosa desertificação promovida por homens e mulheres portadores da “síndrome da falta de inteligência e sabedoria”.
Ver-se ao longo da paisagem, de perto e ao longe, no horizonte o colorido das sacola plásticas brancas, amarelas, azuis, verdes, pretas... às vezes sobre o chão quente, noutras vezes penduradas nos galhos ressequidos da agonizante caatinga, ou noutro caso  migrando para não sei onde, pela ação do vento, tudo isso formando uma “obra de arte” que em nada é abstrata, em nada é surreal, não é concreta. Antropofágica, seria? Não sei. Só sei que é uma “arte” ao contrário, uma arte desclassificada, infame, sem inteligência, sem criatividade, espontânea pela irracionalidade.
É perceptível, ao longo das beiradas das ditas rodovias, notadamente nos povoados e nas pequenas cidades localizadas em suas respectivas extensões, o desprezo que as pessoas têm para com o ambiente onde vivem e seu entorno. Toda sorte de lixo é lançada às margens da BR ou da BA: sacolas plásticas (as mais comuns), papelões, pneus velhos, garrafas pet, latas de refrigerantes e similares, e tantos outros poluentes que, revolvidos pelo vento, “migram”, espraiando-se para mais além da paisagem próxima, até se perderem de vista no horizonte. Desse modo, a caatinga que deveria está verdejante e florida, é transformada num novo, desclassificado e estéril bioma, que, no mínimo, em nada agrada aos olhos dos sensatos e ecologicamente corretos cidadãos.
Nos aglomerados urbanos a situação não é diversa. O diferencial é a ação dos garis que minimiza  o problema.
É calamitoso que tantas pessoas sejam insensíveis e rudes  e usem suas mãos para lançar lixo em qualquer lugar, irresponsavelmente, atuando de forma tal qual um cachorro que urina num poste, ou de qualquer outro irracional que despeja suas fezes  onde está quando sente vontade de fazê-lo.
Pessoas assim, de pouco discernimento cerebral, esquecem que suas vidas estão ligadas à natureza e desta dependem infinitamente.  É o mesmo que cuspir no assoalho da própria habitação, não dá importância para a higiene do seu abrigo, apenas viver “vegetando”.
Com tamanho descaso à natureza, acredita-se que a espécie humana perdeu sua inteligência e condição de raciocínio quando deixou de ser quadrúpede para ser bípede.




Ao passar por essa “metamorfose ambulante” é provável que os humanos tenham encarnado  instintos caninos, felinos, bubalinos, equinos, suínos, asininos... Dá para crer que, com passadas largas estamos retornando (coming back) à pré-história ou, para ser mais modernos, e considerando-se que naquele tempo a população mundial era minúscula e a natureza era preservada, “vamos para a pós-história”.
Como gosto e costumo ilustrar minhas produções com alguma música, é cabível aqui a música Matança. Ei-la:

Matança

Xangai

Cipó Caboclo tá subindo na virola
Chegou a hora do Pinheiro balançar
Sentir o cheiro do mato, da Imburana
Descansar, morrer de sono na sombra da Barriguda
De nada vale tanto esforço do meu canto
Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar
Tal Mata Atlântica e a próxima Amazônica
Arvoredos seculares impossível replantar
Que triste sina teve o Cedro, nosso primo
Desde de menino que eu nem gosto de falar
Depois de tanto sofrimento seu destino
Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar
Quem por acaso ouviu falar da Sucupira
Parece até mentira que o Jacarandá
Antes de virar poltrona, porta, armário
Mora no dicionário, vida eterna, milenar

Quem hoje é vivo corre perigo
E os inimigos do verde dá sombra ao ar
Que se respira e a clorofila
Das matas virgens destruídas vão lembrar
Que quando chegar a hora
É certo que não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar é

Caviúna, Cerejeira, Baraúna
Imbuia, Pau-d'arco, Solva
Juazeiro e Jatobá
Gonçalo-Alves, Paraíba, Itaúba
Louro, Ipê, Paracaúba
Peroba, Massaranduba
Carvalho, Mogno, Canela, Imbuzeiro
Catuaba, Janaúba, Aroeira, Araribá
Pau-Ferro, Angico, Amargoso, Gameleira
Andiroba, Copaíba, Pau-Brasil, Jequitibá


Disponível em:<http://letras.mus.br/xangai/385821/> Acessado em: 03/11/2014.

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