CELEUMA
SUL X Norte-Nordeste
Caros
companheiros da rede Facebook, meus amigos mais específicos, todo o povo
brasileiro: desculpem por mais uma postagem. Precisei revisar este texto
ampliando-o com mais alguns detalhes.
Antes
de externar-lhes “o que estou pensando”, devo declarar que sou desprovido de
qualquer preconceito, racismo,, como também abomino discriminações de
ideologia, crença, filosofia de vida, ou de outra natureza que possa gerar
intolerância e repúdio. Assim sendo, o que vou relatar é caracterizado pela
mais pura e verdadeira imparcialidade, e o faço como prática da minha cidadania
e no gozo do meu direito de liberdade de expressão.
Há
muito permeia na sociedade brasileira a
celeuma de que nossa gente do Centro-Sul (entenda-se Sudeste, Centro-Oeste e
Sul) – nem todos, porque nas sociedades nunca há unanimidades – não gosta da sua contraparte do Norte e do Nordeste,
principalmente dessa última região. E olhem que essas regiões são a
“cabeça” do Brasil, cabeça grande, pensante, inteligente. Creio que esse ódio,
essa “xenofobia nacional” é proveniente daqueles sujeitos que ainda não conseguiram se firmar na
existência, em termos pessoais e/ou profissionais, e descarregam suas
frustrações, incompetências, limitações, etc., em quem alheio a elas está a
milhares de quilômetros de distância.
Essa
discriminação é oriunda de indivíduos que gostam de cultivar o mal em suas
múltiplas formas, gente que se transforma na vergonha da pátria, que crêem que
o Brasil se limita a um ou a uma dúzia de estados-membros.
Certamente
quem vira a cara de lado para não vislumbrar o fascinante Nordeste e aceitá-lo
quão belo como o é, são criaturas sem alternativas para serem positivas,
conscientes, cultas, civilizadas e de bem no contexto da comunidade nacional.
Pessoas
tais, ao invés de serem intransigentes e “incivilizadas” devem voltarem-se para
o cultivo de bons valores e galgarem com dignidade seu espaço social e nele,
exercerem seus papéis com hombridade.
A
Terra no seu todo é extremamente diversa: a fauna,a flora, as paisagens, os humanos com seus
costumes e tradições. É fácil e simples compreender-se que o planeta da vida
não é homogêneo. Há diversidades entre
nações e dentro delas essas diferenciações também são comuns. As pessoas
precisam compreender que é assim e que elas jamais mudarão. Hitler tentou
unificar as nações e reduzir as etnias a uma, não conseguiu; os governos
estadunidenses tentam, mas ainda não efetivaram sua supremacia sobre os demais
povos. A História prova que as idéias xenófobas, o preconceito, as discórdias
interrraciais e até mesmo dentro das nações, jamais deram bons frutos. Por que
teimar, então, caros centro-sulistas? Não percebem que é bobagem? Que
insistência mais tola e besta ficarem irados contra o brioso povo nordestino!
Sendo
o quinto país em extensão territorial o
Brasil tem espaço suficiente para
abrigar seus duzentos e dois milhões de habitantes e não faltam oportunidades
no campo profissional. A mídia prova com reportagens a falta de mão-de-obra
qualificada para várias profissões. Logo senhores da discriminação, busquem seu
lugar ao sol, deixem de pensar em nordestinos e cuidem mais de si mesmos.
Procurem por aquilo de bom que desejam, com honradez e sapiência. A
inteligência, dessa maneira, poderia ser usada em benefício próprio, não para
insultar, menosprezar, ou manifestar ira contra nós, honrados e pacíficos
nordestinos.
Lembrem-se,
senhores protagonistas desses atos abomináveis e sentimentos medievais, foi
aqui no Nordeste que o Brasil nasceu e teve a sua primeira capital
Se
refletirem um pouco sobre São Paulo, por exemplo, constatarão que esse estado
não tem um tipo humano próprio, um “paulista
puro sangue”, pois sua população é um mosaico de migrantes nacionais,
não só nordestinos, e estrangeiros de quase todo o mundo. Não é e nunca será
uma gente homogênea, como a ariana, defendida pelo nazista de bigodinho,
tampouco puritana como os primeiros colonos norte-americanos. Nesse estado não
há uma cultura própria, genuína, somente
paulista, só paulistana. Os valores culturais daí representam a soma dos
costumes e tradições dos migrantes que para lá acorreram. São Paulo não é só de
vocês que se dizem paulistas com ufanismo. São Paulo é do mundo.
Então,
por que somente o pessoal nordestino é o alvo predileto dessa fanfarrice
“idiotária”, dessa intolerância? Lembrem-se, outrossim, caros compatriotas do
Centro-Sul, a riqueza que é gerada no “Estadão”, certamente é mais dos gringos
do que dos paulistas/paulistanos originais.
Os
habitantes do “estado bandeirante” estão vivendo situação idêntica à dos seus
“irmãozinhos nordestinos”: a questão da escassez da água. Pergunto-lhesfomos
nós de cá de cima que secamos o Complexo da Cantareira? Fomos nós daqui dos
nossos estados nordestinenses que poluímos o rio Tietê? Ou foi a falta de visão
de futuro dos seus grandiosos gestores
de décadas anteriores? Ou foram nordestinos como eu que fizeram com que vocês
ficassem com o caneco ou a cuia nas mãos?
No
âmbito da política, há muitos sulistas,
notadamente paulistas, se “mordendo de ciúmes” devido ao resultado das eleições
presidenciais no seu primeiro turno. Como podem ficar tão irados, achando que o
primeiro lugar da presidenta foi por culpa dos eleitores da região em causa, se a candidata venceu em
16 estados da Federação e dos nove nordestinos ela perdeu em um? E os oito
estados de outras regiões, inclusive as Minas Gerais, berço do seu opositor,
não teriam participação na “culpa pela vitória da senhora concorrente?
E
agora, após o segundo turno, ainda há quem tenha a petulância e a
intransigência de trazer o assunto à baila. Deveriam fazer como “dogs”, colocar
o rabo entre as pernas e morrerem de vergonha de tal despautério. Vejam bem paulistaninhos e paulistaninhas do
mal e até mesmo nordestinos que se converteram em falsos e torpes paulistas:
vocês deveriam também discriminar seus vizinhos do Rio de Janeiro e de Minas
Gerais, principalmente das Minas, terra natal do tucano que ao levar uma
estilingada do seu próprio povo saiu avariado. Quer queiram quer não, a
realidade está aí. Vão ao Museu Ypiranga, pequem a espada de D, Pedrito e proclamem a independência de
São Paulo. É melhor do que morrer de inveja da alegria do povo nordestino, da
cultura rica, colorida e diversificada, das belezas naturais ímpares, diferente
do sul cinzento de poluição, escurecido pelo concreto armado... Tem jeito não,
camaradas, sem o Nordeste vocês seriam mais pobres, mais feios e continuariam
subdesenvolvidos diante da comunidade mundial.
Está faltando a essa gente discriminadora a
capacidade de enxergar as coisa com os olhos da realidade. Bairrismo extremado
não conduz à coexistência pacífica.
Na
esfera social, li, pela internet, que essa mesma gente não aceitou de bom grado
a eleição da Miss Ceará para o posto de Miss Brasil 2014. Só porque ela teve
mais predicados e levou a melhor frente à paulista? Ora, essa! O estado gaúcho
tem eleito sua representante em quase todas as edições do Miss Brasil, bonitas,
deveras, mas ao participarem do Miss Universo, em suas respectivas edições,
ofuscam a verdadeira beleza da autêntica mulher brasileira e, como prêmio,
prematuras desclassificações do certame, na maioria das vezes. Se o Rio Grande
do Sul já deu ao país uma Miss Universo, saibam que a Bahia também, e com muito
glamour.
Saibam
vocês, opositores do Nordeste, que essa região também tem o seu esplendor, como
a sua e as demais o têm, e dá a sua contribuição para a República Federativa do
Brasil, tanto em riquezas naturais, patrimônios materiais e imateriais,
tradições ímpares, o maior litoral do país, grandes cantores da MPB, humoristas
dos melhores que o país já teve, escritores e poetas brilhantes e de grande
prestígio internacional, e tantas, mais tantas coisas...
Logo,
senhores compatriotas do contra, se querem que volte a “política do
café-com-leite”, se desejam um país chamado São Paulo e colocá-lo no rol dos
países santos (São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, San Marino, São
Tomé e Príncipe, Santa Lúcia, dentre outros) é muito fácil: aí ainda está o
riacho Ypiranga. Basta que um de vocês encarne o espírito do príncipe portuga,
vá até às margens plácidas e reedite o “brado retumbante”, fazendo de São Paulo
um novo e “rico país da América do Sul, ato esse que poderia ser tomado como
exemplo pelos três estados sulinos que reacenderiam a idéia da República dos
Pampas, o que para nós nordestinos seria indiferente, já que essa região é
muito mais européia do que brasileira.
O
Brasil é uma Federação muito vasta e poderia muito bem se espelhar nas ex-União
Soviética e Yugoslávia e cada estado ou região tornar-se um país independente,
rico ou pobre, de gente burra ou bem dotada. Seria melhor do que como é no
presente povo de um mesmo território, com fortes laços em comum, mas divididos
pela intolerância e pela ausência de civilidade.
Quem
quiser se livrar do Nordeste – se é que isso é possível – sugira ao Congresso
Nacional uma lei que o desmembre do fascinante Brasil, “já que existe no Sul
esse conceito/que o Nordeste é ruim, seco e ingrato./Já que existe a separação
de fato/É preciso torná-la de direito (Ivanildo Villanova e Bráulio Tavares –
Nordeste Independente). Desse modo, poder-se-ia concretizar o sonho de Frei
Caneca e tornar nosso tórrido, quente,alegre e querido Nordeste na
“Confederação do Equador”.
Não
seria uma perfeita solução, nobres caluniadores? Assim vocês elegeriam dos eus
próprios conterrâneos, os seus dirigentes, suas misses, e não teriam que
dividir sua riqueza com a gente.
Qualquer
sujeito sensato sabe que onde há grandes aglomerações humanas a incidência de problemas
é maior. Nenhuma sociedade está isenta de “maus elementos” no seu seio. O
Brasil inteiro está infestado de desordeiros, vadios, bandidos de toda sorte.
Mas o privilégio de sediar o PCC, diletos co-irmãos brasileiros, é da Capital Bandeirante.
Por
fim, ratifico aqui o meu apreço e respeito ao povo de cada estado da República
Federativa do Brasil, negros, índios, estrangeiros ou descendentes, que me
permitem admirar o exotismo de suas culturas, dos seus falares, dos seus
saberes. Nisso está a essência da riqueza cultural do país verde e amarelo,
construída há séculos, mas que alguns
desprezíveis indivíduos não têm a sensibilidade para ivenciarem em harmonia todas as preciosidades
que o Brasil tem em todos os seus quadrantes, dentre elas o alegre e digno povo
nordestino.
E,
para ilustras esse meu pensamento, eis a
letra da música Nordeste Independente.
Nordeste Independente
Elba Ramalho
Composição: Bráulio
Tavares/Ivanildo Vilanova
Já que existe no sul esse conceito
Que o nordeste é ruim, seco e ingrato
Já que existe a separação de fato
É preciso torná-la de direito
Quando um dia qualquer isso for feito
Todos dois vão lucrar imensamente
Começando uma vida diferente
De que a gente até hoje tem vivido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Dividindo a partir de Salvador
O nordeste seria outro país
Vigoroso, leal, rico e feliz
Sem dever a ninguém no exterior
Jangadeiro seria o senador
O cassaco de roça era o suplente
Cantador de viola o presidente
O vaqueiro era o líder do partido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Em Recife o distrito industrial
O idioma ia ser nordestinense
A bandeira de renda cearense
“Asa Branca” era o hino nacional
O folheto era o símbolo oficial
A moeda, o tostão de antigamente
Conselheiro seria o inconfidente
Lampião, o herói inesquecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Que o nordeste é ruim, seco e ingrato
Já que existe a separação de fato
É preciso torná-la de direito
Quando um dia qualquer isso for feito
Todos dois vão lucrar imensamente
Começando uma vida diferente
De que a gente até hoje tem vivido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Dividindo a partir de Salvador
O nordeste seria outro país
Vigoroso, leal, rico e feliz
Sem dever a ninguém no exterior
Jangadeiro seria o senador
O cassaco de roça era o suplente
Cantador de viola o presidente
O vaqueiro era o líder do partido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Em Recife o distrito industrial
O idioma ia ser nordestinense
A bandeira de renda cearense
“Asa Branca” era o hino nacional
O folheto era o símbolo oficial
A moeda, o tostão de antigamente
Conselheiro seria o inconfidente
Lampião, o herói inesquecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
O Brasil ia ter de importar
Do nordeste algodão, cana, caju
Carnaúba, laranja, babaçu
Abacaxi e o sal de cozinhar
Do nordeste algodão, cana, caju
Carnaúba, laranja, babaçu
Abacaxi e o sal de cozinhar
O arroz, o agave do lugar
O petróleo, a cebola, o aguardente
O nordeste é auto-suficiente
O seu lucro seria garantido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Se isso aí se tornar realidade
E alguém do Brasil nos visitar
Nesse nosso país vai encontrar
Confiança, respeito e amizade
Tem o pão repartido na metade,
Temo prato na mesa, a cama quente
Brasileiro será irmão da gente
Vai pra lá que será bem recebido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Eu não quero, com isso, que vocês
Imaginem que eu tento ser grosseiro
Pois se lembrem que o povo brasileiro
É amigo do povo português
Se um dia a separação se fez
Todos os dois se respeitam no presente
Se isso aí já deu certo antigamente
Nesse exemplo concreto e conhecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Povo do meu Brasil
Políticos brasileiros
Não pensem que vocês nos enganam
Porque nosso povo não é besta
O petróleo, a cebola, o aguardente
O nordeste é auto-suficiente
O seu lucro seria garantido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Se isso aí se tornar realidade
E alguém do Brasil nos visitar
Nesse nosso país vai encontrar
Confiança, respeito e amizade
Tem o pão repartido na metade,
Temo prato na mesa, a cama quente
Brasileiro será irmão da gente
Vai pra lá que será bem recebido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Eu não quero, com isso, que vocês
Imaginem que eu tento ser grosseiro
Pois se lembrem que o povo brasileiro
É amigo do povo português
Se um dia a separação se fez
Todos os dois se respeitam no presente
Se isso aí já deu certo antigamente
Nesse exemplo concreto e conhecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Povo do meu Brasil
Políticos brasileiros
Não pensem que vocês nos enganam
Porque nosso povo não é besta
Disponível em: http://letras.mus.br/elba-ramalho/250731/
Acessado em: 14/10/2014.
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