Escrevendo Muderno
João Ubaldo
Ribeiro
A nível de
governo, acho maravilhosa a idéia de resgatar o português, atualmente tão
relegado a favor do inglês. Acho também maravilhoso achar que pelo menos 90% da
população concorda que essa medida, pois essa medida, ela é fundamental para
resgatar nossa cultura, hoje tão penalizada pelo domínio do inglês. Mas também
acho que essa nova lei, ela não pode se colocada a nível de povo propriamente
dito, porque, apesar de maravilhosa em sua intenção, de boas intenções o
inferno, ele está cheio. Como citei acima, nada tenho contra o governo, ele
emitir suas próprias normas, aplicáveis aos funcionários dele e aos documentos
dele.
Porém, a nível
corporativo, acho que o governo, ele deveria reconsiderar tal decisão, porque a
globalização, ela não pode ser brecada, não importa os antigos, que persistem
no seu nacionalismo ultrapassado. Basta colocar o assunto objetivamente para se
obter um insight maravilhosamente simples: a nível corporativo, o inglês já é
universal, ao ponto de que já há - e de certa forma sempre houveram - empresas
que exigem, ao nível médio de seus funcionários, o conhecimento da língua de
Shakespear, até mesmo em função do processo irreversível, a nível de
informática.
Coloco também
que, a nível de fala popular, esta lei, ela com certeza terá o mesmo destino
que sobreviveuu a tantas outras, de não pegar, ou seja, a lei, ela corre o
risco de nunca ser aplicada. Vou ir mais longe: esta lei, ela não vai pegar na
população, pois a verdade é que ela só iria penalizar os que usam termos em
inglês ou inglesificados, que hoje são maioria, isto devido de que a língua
portuguesa, ela não tem a capacidade de expressão da língua bretã, necessitando
então de que usemos o vocabulário inglês. Seria maravilhoso que nós tivéssemos
uma língua capaz de expressar nossas idéias tão maravilhosamente quanto o
inglês, ele é capaz de fazer.
Não nego, o
mérito de nossos artistas, que hoje atinge um nível maravilhoso. Na verdade,
devo colocar a ressalva de que acho que os nossos artistas, eles são, em sua
grande maioria, maravilhosos, principalmente na televisão, este poderoso meio
de comunicação. Menos verdade seria declarar o contrário. Mas a realidade é que
a língua portuguesa, ela não é circunsquita a televisão, e ela é do povo em
geral. E, mesmo na televisão, ela perde bastante do inglês, que é uma língua
muito mais apropriada para o diálogo do que o português. I love you, ele tem o
som super mais natural do que eu te amo. Muitos negam isso para não ir ao
encontro dos nacionalistas que dominam as mídias, mas, se a pessoa for examinar
bem sua consciência, verá que estou super coberto de razão.
Na música, é a
mesma coisa. A nossa música, ele é reconhecidamente rica, com supertalentos
maravilhosos, que eu adoro. Adoro, não. Muito mais que isso, eu amo a música
brasileira, do funk ao axé e seria tapar uma peneira com o sol querer negar
como são maravilhosos artistas do porte de Chico Buarque, Caetano Veloso e
tantos outros que me não deixam (o que atrai o pronome - mas ninguém fala
assim, ou sejam, as regras por si só não querem dizer nada, o que se vem de
encontro as minhas afirmações anteriores), que me não deixam mentir.
Mas, contudo, a
verdade é que a grande música é em inglês e sempre foi, através por seus
maravilhosos intérpretes, do saudável Frank Sinatra ao superturbinado Michael
Jackson. A lista dos grandes artistas americanos é inenumerável, de tão longa.
E vamos pensandoo com objetividade, a nível de racional, sem posicionamentos
baseados em preconceitos super sem sentido: a música brasileira, com todos os
seus talentos, é meia medíocre, se defrontada com a música americana. Alguém, a
guisa de exemplo, pode imaginar um clássico como “Night and Day” cantado em
português? Não dá.
A nível de
literatura, nossa língua, vamos reconhecer, ela não tem ninguém que chegue
perto do já mencionado maravilhoso Shakespear. E onde está, por exemplo, o
nosso Stephen King? Vamos catando por aí e a ninguém chegaremos com tal
estrutura supermaravilhosa de talento literário. Pode-se alegar que temos um
Machado de Assis, mas hoje, ao contrário do próprio Shakespear, que qualquer um
pode ir no teatro e entender, são raros os que podem ler Machado de Assis, que,
apesar de seu grande valor, usa uma linguagem superultrapassada, que já foi
maravilhosa em seu tempo, mas esse tempo, vamos colocar as coisas em esenção,
ele já é super antigo, não importe o quanto já foi maravilhoso.
Haveriam muitas
mais coisas a colocar a respeito dessa lei, mas a falta de espaço penaliza a
quem almeija de esgotar determinado assunto num espaço superlimitado. Está
certo, o brasileiro, ele é um povo superalegre, superbom, supercordial, um povo
efetivamente maravilhoso. Mas sua língua, ela já era, e tem exemplos claros
desse fato, como qualquer pessoa que vá na Barra da Tijuca poderá atestificar.
Ao invés de ficar se preocupando com esses assuntos que já foi vencido pela
globalização, os nossos políticos, eles deviam era de estarem preocupando-se
com a fome, a inclusão social, ou sejam, coisas que de fato interessa. Eu diria
mesmo de que essa lei é fruta de falta de ter o que fazer, porque, se não
pudemos nos livrarmos de tantas mazelas herdadas da colonização portuguesa,
pudemos pelo menos nos livrar de uma língua que nos isola do mundo e atrapalha
nossa ascensão como povo. Que o governo lhe conserve, tudo bem, seria uma
tradição louvável. Todavia, porém, posso concluir garantindo super com certeza:
se essa lei fosse submetida a um plebiscito, não exito em fazer uma previsão,
no meu ver, supercorreta. Essa lei, ela seria rejeitada por praticamente toda a
população, sem exceção. Mas não, tudo indica que será aprovada. Durma-se com um
barulho destes.
Disponível em: http://www.filologia.org.br/vcnlf/anais%20v/civ2_03.htm
Acessado em: 12/01/2015.
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