sexta-feira, 17 de outubro de 2014



Projeto 1ª Noite Literária

do

Colégio Estadual Abelardo Moreira/CEAM


SARAU
PROSA, POESIA, LEITURA E CANTORIA


Realização
Alunos do EIXO VII e do 3º ano do Ensino Médio do turno noturno


Professores orientadores:
Marlene Almeida e José Gomes









Mairi – Bahia

Novembro/2014



PROJETO
SARAU LITERÁRIO PROSA, POESIA, LEITURA E CANTORIA

TEMA: Poetas e Escritores das 2ª e 3ª fases do Modernismo Brasileiro

PÚBLICO-ALVO: Estudantes do EIXO VII e do 3º ano do ensino Médio, turmas A e B, do turno noturno, do Colégio Estadual Abelardo Moreira/CEAM, extensivo a toda comunidade escolar e a pessoas da comunidade mairiense.

ESPAÇO: As duas salas de aula do primeiro prédio do CEAM e o corredor  que servirá de auditório, desse mesmo pavilhão.

DATA: 06 de novembro de 2014.

HORÁRIO: das 19:40 às 21:40 h

PROFESSORES ORIENTADORES: Marlene Oliveira Almeida Rios (EIXO VII) e José Gomes da Silva (turmas do 3º ano).

HOMENAGEADA: Professora Iraci Pacheco Pedreira, autora do livro de memórias “Lágrimas Azuis”.


APRESENTAÇÃO

O Sarau Prosa, Poesia, Leitura e Cantoria é um evento que visa estimular a leitura de obras literárias em prosa e/ou em versos, de autores brasileiros consagrados – clássicos – pertencentes à estética modernista, nas suas segunda e terceira fases, como também de um poeta da 3ª geração do Romantismo, como forma de contribuir com outro Projeto em desenvolvimento no mesmo educandário – o da cultura afro-brasileira, haja vista parte da produção literária desse autor ter sido dedicada à questão abolicionista no território nacional.
Assim sendo, o Sarau Prosa, Poesia, Leitura e Cantoria pretende, outrossim, desenvolver nos educandos o apreço pela leitura de obras criadas por poetas e escritores brasileiros, especialmente os das escolas literárias supracitadas, como também, aguçar suas habilidades para declamar, narrar, cantar, teatralizar, explicar, dando ênfase à oralidade, tendo como suporte basilar a linguagem escrita.
Pretende-se também que esse sarau seja um momento lúdico no colégio, tendo como característica maior o encontro entre pessoas a fim de que seja compartilhado um pouco do conhecimento adquirido pelos realizadores do evento no que alude aos conteúdos da Literatura.
Almeja-se, ainda, desenvolver nos discentes o interesse pelos poetas e escritores, motivando-os a conhecer a diversidade cultural contida na Língua Portuguesa.

JUSTIFICATIVA

A partir da constatação de que os alunos  necessitam de algo que os estimulem o hábito da leitura para o desenvolvimento da comunicação e clareza na interpretação da linguagem escrita, fazendo o uso da diversidade em diferentes gêneros textuais de maneira prazerosa e dinâmica, permitindo que se aprofundem e avancem, tornando-se  bons leitores, e que se aprofundem nos conhecimentos literários estudados em aulas regulares foi que o presente Projeto Sarau Prosa, Poesia, Leitura e Cantoria foi concebido para oportunizar aos aprendentes o desenvolvimento de competências e habilidades lingüísticas combinados com o uso das mídias educacionais digitais, possibilitando-lhes mais acesso às informações que corroborem para suas aprendizagem mais significativas e de qualidade, além da contribuição para a prática da cidadania. Do exposto justifica a implantação e a execução desse projeto.

OBJETIVO GERAL
Desenvolver a competência leitora dos estudantes, resgatando a importância de ler/ouvir poemas, romances, contos, etc., bem como o interesse pelos escritores e poetas brasileiros, a partir de três eixos da Língua Portuguesa: leitura, escrita e oralidade.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
  1. Ler e interpretar textos de diferentes gêneros textuais (poemas, poesias, letras de músicas, romances, etc.);
  2. Pesquisar na internet vídeos e documentários relacionados aos personagens componentes do presente Projetos e que estão citados mais adiante;
  3. Valorizar e aperfeiçoar a oralidade;
  4. Aprender a expressar-se em grupo;
  5. Despertar no alunado o gosto pela  leitura e pela arte literária, conhecendo melhor sobre os autores, suas idéias, seus livros;
  6. Recitar poesias;
  7. Ler romances;
  8. Entoar músicas;
  9. Expor trabalhos em stands;
  10. Aprimorar a capacidade lingüística;
  11. Valorizar e aperfeiçoar as três modalidades da Língua Portuguesa: leitura, escrita e oralidade;
  12. Usar as mídias educacionais para a aquisição de mais conhecimentos sobre os autores em causa.

METODOLOGIA

  • Para a realização do Presente Projeto serão utilizadas diversas ferramentas das mídias educacionais,  e por meio delas serão empregadas metodologias diversificadas, a saber:
  • Aula para formação dos grupos e orientação de pesquisas na internet;
  • Seleção de poemas, letras de músicas, biografias, romances e imagens dos poetas e escritores que conformam o Sarau Prosa, Poesia, Leitura e Cantoria;
  • Aula para orientação quanto à produção do material que será exposto nos stands, lembrancinhas, bebidas e comidas e a apresentação de cada equipe (declamação, apresentação de músicas, jograis, teatro, leituras de trechos de romances, etc.);
  • Aula para leituras (ensaio) daquilo que será apresentado na culminância deste Projeto;
  • Elaboração de convites;
  • Realização do sarau.

DESENVOLVIMENTO

PASSO 1
Duas aulas para formação dos grupos de trabalho, sorteio dos personagens entre os grupos, orientação para realização das pesquisas, produção de material para stands, lembrancinhas, comidas e bebidas e apresentações. Preenchimento da ficha de cada equipe.
É obrigatório que cada aluno assista um desses audiovisuais e faça um relatório  e entregue-o ao professor  no stand (esta é a única atividade individual).
GRUPOS – estes serão identificados pelo nome do personagem que será trabalhado por cada um.

EIXO VII

Grupo 1 – Carlos Drummond de Andrade
Grupo 2- Cecília Meireles
Grupo 3 – Vinicius de Moraes
Grupo 4 – Murilo Mendes
Grupo 5 – Castro Alves


3º ANO – turmas A e B:

Grupo 1 – Guimarães Rosa
Grupo 2- Clarice Lispector
Grupo 3- Manuel Bandeira
Grupo 4 – Jorge Amado
Grupo 5 – José Lins do Rego


PASSO 2
Duas aulas para leituras (ensaio) do material pesquisado (poemas, biografias, letras de músicas, resumos de romances, etc.) e outras orientações que se fizerem necessárias, como, por exemplo, sobre as providências quanto aos stands (salas de aula do 1º prédio, sendo a primeira para o stand das turmas do 3º ano e a segunda para a turma do EIXO VII (onde já estudam). No caso da sala 1 para o 3º ano, trocar com o EIXO VI, que deverá ser acomodado na sala do 3º ano A noturno, no segundo prédio.
Horário para arrumação dos stands: das 17:30 às 19:40.
Materiais acessórios: copos plásticos, guardanapos, pratinhos plásticos.

PASSO 3 – Culminância
Realização do Sarau com apresentação de todos os números (10 ao todo) preparados e exposição dos trabalhos nos stands.

APRESENTADORES: Professores Marlene Almeida e José Gomes (farão a abertura e conduzirão a programação).
Atividades:
1-Palestra a ser proferida pela escritora local, professora Iraci Pacheco Pedreira, autora do livro de memórias  “Lágrimas Azuis” que falará sobre A EVOLUÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA A PARTIR DA SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 À ATUALIDADE, COM ÊNFASE NO REGIONALISMO NORDESTINO NA PROSA DA SEGUNDA FASE DO MODERNISMO.
2-Homenagem à escritora Iraci Pacheco Pedreira, por José Gomes.
3-Apresentações a serem realizadas pelos grupos das turmas envolvidas. Uma apresentação por equipe sobre o poeta ou romancista trabalhado. Cada equipe será identificada com o nome do seu personagem.
Para que o srau fique dinâmico e não se torne cansativo, as apresentações devem alternar declamações, músicas e outras atividades programadas, logo, na seguinte ordem:
1ª – Grupo Carlos Drummond de Andrade – Poema José Jogral e música – EIXO VII;
2ª – Grupo Guimarães Rosa – 3º ano;
3ª – Grupo Cecília Meireles – EIXO VII;
4ª – Grupo José Lins do Rego – 3º ano;
5ª – Grupo Manuel Bandeira – 3º ano;
6ª – Grupo Murilo Mendes;
7ª – Jorge Amado -  3º ano;
8ª – Grupo Castro Alves – EIXO VII
  - Grupo Clarice Lispector – 3º ano;
10ª – Grupo Vinicius de Moraes – EIXO VII.

4-Visita aos stands onde o público convidado terá algo mais sobre poetas e romancistas e também a merenda. É nesse tempo que as classes que estiverem em aulas serão convidadas para a visita aos stands.
E assim se concluirá o sarau.

AVALIAÇÃO

A avaliação se dará por meio de critérios preestabelecidos em ficha própria, considerando-se as habilidades e competências desenvolvidas pelos alunos no decorrer das atividades em classe e no sarau (apresentações e atuações nos stands), isto é, através da observação do desempenho dos alunos e da sua participação, priorizando o aspecto qualitativo (interesse, aprendizagem, realização, compartilhamento, segurança no domínio dos conteúdos). Logo, será uma avaliação também somativa (2ª nota da 4ª unidade).



2ª avaliação  da 4ª unidade – 2014.

Ficha de Avaliação

Atividade: SARAU Prosa, Poesia, leitura e Cantoria


Aspectos a serem avaliados
valor
Pontuação obtida
1
Material pesquisado (textos verbais, imagens, vídeos, documentários, relatórios individuais).
1,0

2
Apresentação em público com a participação de todos do grupo.
1,0

3
Stand (material exposto, desempenho do grupo, participação de todos SOS componentes.
1,0



3.0








Mairi – BA, ____ de _________ de 2014.        ________________________________
                                                                                                   Professor (a)

CONCLUSÃO

O projeto Sarau Literário é relevante para os aprendentes pois tem como base principal, auxiliar alunos de várias idades a compreenderem a linguagem como forma de expressão e comunicação, além disso, despertar neles o prazer de ler e apreciar o que a Cultura Literária Portuguesa tem de melhor: a leitura, a música, a dança, produção de textos, peça teatral entre outras coisas interessantes que a literatura de um modo geral nos proporciona.
Tendo em vista que, estamos numa era moderna na qual poucos leem livros pertinentes à literatura, pesquisas não são feitas mais em bibliotecas e sim na internet, houve um grande investimento no ensino a distância e este foi crescendo consideravelmente, no entanto, é gratificante saber que existem meios de retornar à forma mais gostosa de se aprender que é com o contato direto com a fonte principal que seria livros, professores em sala de aula, dança, peça teatral entre tantas outras coisas já citadas nesse contexto.


REFERÊNCIAS
Dicas para organizar um sarau. Disponível em: < http://mood.com.br/sarau/> Acessado em: 27/09/2014.

Domingues, Flávia. Como organizar um sarau. Disponível em: <http://www.oevento.com/blog/tipos-de-eventos/como-organizar-um-sarau.do>  Acessado em: 27/09/2014.

 

PROJETO DE LEITURA “SARAU LITERÁRIO”. Disponível em: < http://escolasandovalmeira.blogspot.com.br/2011/10/projeto-de-leitura-sarau-literario.html> Acessado em: 27/09/2014.

Projeto Sarau de Poesia. Disponível em: <http://ideiascriativasparaosprofesors.blogspot.com.br/2012/06/projeto-sarau-de-poesia.html> Acessado em: 27/09/2014.

Projeto: Sarau Literário. Chá com Letras. Disponível em: <http://www.colegiosaomiguelarcanjo.com.br/projeto-sarau-literario/> Acessado em: 27/09/2014.

Projeto: Sarau Literário.  Literatura, Poesia, teatro e música. Disponível em: <http://abnerpacini.blogspot.com.br/2012/05/projeto-sarau-literario_08.html> Acessado em: 27/09/2014.

Projeto Sarau Literário. Disponível em: <http://universo-da-literatura.blogspot.com.br/2013/05/projeto-sarau-literario.html> Acessado em: 27/09/2014.

Projeto Sarau Literário. Disponível em: <http://nteparademinas1.blogspot.com.br/2011/07/projeto-sarau-literario.html>  Acessado em: 27/09/2014.

Sarau Literário. Disponível em: <http://letrasemcena.blogspot.com.br/2011/08/sarau-literario.html> Acessado em: 27/09/2014.

Sarau Literário de escola da rede estadual homenageia o poeta Vinicius de Moraes. Disponível em: <http://escolas.educacao.ba.gov.br/noticias/i-sarau-literario-de-escola-da-rede-estadual-homenageia-o-poeta-vinicius-de-moraes> Acessado em: 27/09/2014.

Uma ideia de Sarau para os Professores. Disponível em: <



ANEXOS
Fichas de avaliação para o 3º ano e para o EIXO VII (personalizadas)
Ficha de Grupos (para todas as turmas)



2ª avaliação da 4ª unidade – 2014.
Em grupo – valor: 3,0


Atividade: SARAU Prosa, Poesia, leitura e Cantoria

Personagem para pesquisa e apresentação: _________________________________

O que pesquisar:
Biografia, poesias (se for poeta), resumos de romances (se for escritor), capas de livros ou romances, fotos do personagem, letras de músicas, vídeos, documentários sobre o personagem e algo mais que os estudantes imaginem.

Onde pesquisar:
Biblioteca do CEAM, internet (a partir do Google é possível pesquisar muitas coisas), livros de língua portuguesa do 2º ou 3º ano, revistas de língua ou literatura, etc.

Selecionar, durante a pesquisa o melhor material, o que for mais compatível com a capacidade dos alunos.

Para o stand:
Montar um mural com o material pesquisado, fotos, imagens, etc. Criar uma lembrancinha  que serão colocadas numa mesa organizada e  distribuídas  com os visitantes.
Preparar o Buffet (merenda) com comidas e bebidas.

Sugestão de bebidas: café, chás, chocolate, sucos, vinho.
Sugestão de comidas: bolo, pãezinhos, sequilhos, salgadinhos, mungunzá, mingau de tapioca, biscoitos, pãezinhos com patê, torradas com geleia, , etc.

Lembrancinhas: marcadores de páginas com a imagem do personagem, alguma frase célebre dele, feito com criatividade.

EM CADA SALA O BUFFET SERÁ ÚNICO CONTENDO AS CONTRIBUIÇÕES DE TODAS OS GRUPOS.

O que esta equipe fornecerá de bebida: ____________________________________
O que esta equipe fornecerá de comida: ___________________________________

2ª avaliação da 4ª unidade – 2014.
Em grupo – valor: 3,0


Atividade: SARAU Prosa, Poesia, leitura e Cantoria

Personagem para pesquisa e apresentação: _________________________________

O que pesquisar:
Biografia, poesias (se for poeta), resumos de romances (se for escritor), capas de livros ou romances, fotos do personagem, letras de músicas, vídeos, documentários sobre o personagem e algo mais que os estudantes imaginem.

Onde pesquisar:
Biblioteca do CEAM, internet (a partir do Google é possível pesquisar muitas coisas), livros de língua portuguesa do 2º ou 3º ano, revistas de língua ou literatura, etc.

Selecionar, durante a pesquisa o melhor material, o que for mais compatível com a capacidade dos alunos.

Para o stand:
Montar um mural com o material pesquisado, fotos, imagens, etc. Criar uma lembrancinha  que serão colocadas numa mesa organizada e  distribuídas  com os visitantes.
Preparar o Buffet (merenda) com comidas e bebidas.

Sugestão de bebidas: café, chás, chocolate, sucos, vinho.
Sugestão de comidas: bolo, pãezinhos, sequilhos, salgadinhos, mungunzá, mingau de tapioca, biscoitos, pãezinhos com patê, torradas com geleia, , etc.

Lembrancinhas: marcadores de páginas com a imagem do personagem, alguma frase célebre dele, feito com criatividade.

EM CADA SALA O BUFFET SERÁ ÚNICO CONTENDO AS CONTRIBUIÇÕES DE TODAS OS GRUPOS.

O que esta equipe fornecerá de bebida: ____________________________________
O que esta equipe fornecerá de comida: ____________________________________



Sugestões para o grupo José Lins do Rego

Para adquirir conhecimentos sobre esse escritor, sua biografia, características literárias, obras, fotos, imagens de capas dos romances, etc. pesquisem no Google.

Para ampliar os conhecimentos e produzirem o relatório individual assistam os vídeos e documentários que sugerimos na relação abaixo:


Documentário Mestres da Literatura – José Lins do Rego: engenho e arte

Documentário Mestres da Literatura – José Lins do Rego: o contador de histórias

ou

Documentário sobre o romance Menino de Engenho

ANIMAÇÃO – romance Menino de engenho  https://www.youtube.com/watch?v=y-6SH4vuZJ8

FILME (completo) do romance Menino de Engenho - https://www.youtube.com/watch?v=S4qJ6fM90DM

FILME do romance FOGO MORTO - https://www.youtube.com/watch?v=Y-gAypkpXYc


Vídeo 109 anos de José Lins do Rego - https://www.youtube.com/watch?v=VUGbmWi75XA

Vídeo – De Lá Pra Cá – José Lins do Rego - https://www.youtube.com/watch?v=Ejg3lkFpU3c

Documentário – José Lins do Rego – engenho e arte - https://www.youtube.com/watch?v=jmX0ZojgmeA

Vídeo Museu José Lins do Rego - https://www.youtube.com/watch?v=tdF-vaC6QJ4


APRESENTAÇÃO (devem ensaiar para que a apresentação seja bacana)
Um aluno caracterizado de José Lins do Rego e duas apresentadoras de Jornal de TV, na bancada, farão uma entrevista ao escritor, sobre sua obra relativa ao ciclo da cana-de-açúcar.

JORNALISTA 1: Muito boa-noite. Hoje, aqui no programa Clássicos da Literatura Brasileira temos a presença  do escritor José Lins do Rego, um dos grandes nomes da segunda fase do Modernismo em nosso país, ele que veio para nos conceder uma entrevista que tratará especialmente dos romances  que compõem a coletânea intitulada “Ciclo da cana-de-açúcar”.   Boa-noite, senhor Zélins, bem-vindo ao nosso estúdio.

JOSÉ LINS: Boa-noite a vocês aqui na bancada, boa-noite para os telespectadores. Coloco-me à disposição de vocês.

JORNALISTA 2: Hoje queremos conversar com o senhor a respeito da coletânea de romances intitulada “Ciclo da Cana-de-açúcar”. A priori, conte-nos quais são os livros dessa coleção e por que eles  compõem esse ciclo.

JOSÉ LINS: Pois não. São seis os romances que conformam esse ciclo, a saber: Menino de Engenho, Doidinho, Bangüê, O Moleque Ricardo, Fogo Morto e Usina. Esses  romances  formam o  “ciclo da Cana-de-açúcar pelo fato de terem como ambiente comum, isto é, o cenário, no engenho Santa Rosa, situado entre a Paraíba e o Pernambuco. Ademais é bom que fique claro para  todos que apreciam esse conjunto  que, na verdade o enredo dos seis livros é praticamente um. O caso é que  a partir de Doidinho que dá continuidade a Menino de Engenho,  cada romance continua o anterior até que se chegue ao último que representa, de fato, o fim dos engenhos, devido à instalação de usinas, e, consequentemente, o fim da série do ciclo da cana-de-açúcar.

JORNALISTA 1: Senhor José Lins, alguns críticos literários divergem quanto a  considerar a obra O Moleque Ricardo como integrante do “Ciclo da Cana-de-açúcar” Qual é a sua posição com relação a isso?

JOSÉ LINS: É uma questão de opinião que respeitamos, todavia o livro O Moleque Ricardo tem sua trama desenrolada em três cenários, ou seja, o personagem protagonista, Ricardo, amigo de Carlinhos, nasce no Engenho. Por volta dos 16 anos resolve ir para Recife onde arranja trabalho, mas também s envolve em sérios conflitos, por isso é preso e deportado com outros para a prisão  em Fernando de Noronha. Ao ser libertado volta a viver no engenho. Então, sua origem está lá no Santa Rosa onde ele viveu parte da sua existência, isso é, pois, suficiente para justificar a integração do romance ao aludido ciclo.

JORNALISTA 2: O senhor, por ter vivido num engenho canavieiro e por ter escrito seis romances cujo cenário é o próprio engenho Santana Rosa, incluiu aspectos das suas vivências no meio rural?

JOSÉ LINS: Sim. Como sabem, meus primeiros romances são memorialistas. Há pouco de ficção e muito de veracidade. A verossimilhança neles é nítida e os leitores podem se sentir personagens e vivenciarem as situações vividas pelos personagens.

JORNALISTA 1: Além da ambientação no engenho Santa Rosa, que outros aspectos são apresentados nos seis romances da série ciclo da cana-de-açúcar, inclusive de conotação histórica?


JOSÉ LINS: a casa-grande, as senzalas, , o cangaço,  as relações entre homens e mulheres, brancos e negros, a violência, o machismo, o racismo. A decadência do patriarcado rural nordestino, conseqüência do declínio do ciclo da cana-de-açúcar.

JORNALISTA 2:   Seu contato com o mundo rural do Nordeste lhe deu a oportunidade de, nostálgica e criticamente, relatar suas experiências através das personagens de seus primeiros romances. Em qual dos personagens criados pelo senhor, há as características mais fortes do homem José Lins do Rego?

JOSÉ LINS: Indubitavelmente o personagem Carlos de Melo – o Carlinhos de Menino de engenho, pelo fato de termos sido criados em ambiente idêntico e também por este personagem está presente nos demais livros do “Ciclo da Cana-de-açúcar”, que, como dito antes um volume é continuação do outro.

JORNALISTA 1: Entre 1930 e 1945 temos, didaticamente organizada a segunda fase do Modernismo no  Brasil, sendo uma das suas características mais fortes O REGIONALISMO. É quando surge a “literatura do  Nordeste  e o escritor José Lins do Rego se torna um dos seus mais expressivos expoentes. A quem é atribuída a invenção de um novo romance moderno brasileiro. Como se justifica essa atribuição? E qual a sua diferença em produzir literatura com relação a seus contemporâneos nordestinos?

JODSÉ LINS: Essa atribuição se deve ao meu jeito muito particular de produzir romances, na qual eu utilizo uma nova forma de escrever fundada na obtenção de um ritmo oral, que foi tornada possível pela liberdade conquistada e praticada pelos modernistas de 1922.  Com relação aos meus contemporâneos de literatura, cada um de nós, apesar de ter no regionalismo e no uso da linguagem popular como características comuns, é de se convir que temos criatividades próprias, imaginações disstintas, o que nos torna diferentes no trato com a arte literária. Sou um escritor instintivo e espontâneo, inteiramente despojado e sem artifícios literários.

JORNALISTA 2: Agora, gostaríamos que o senhor lesse para nós e  nossos telespectadores algum trecho do seu

JOSÉ LINS: Pois não. .Ouçam a leitura do capítulo 4 de Menino de engenho:
(a aluna que for representar José Lins, de estar com o romance e esse trecho localizado, pois a leitura deverá ser pelo livro)
TRÊS DIAS depois da tragédia levaram-me para o engenho de meu avô materno. Eu ia ficar ali a morar com ele. Um mundo novo se abria para mim. Lembro-me da viagem de comboio e de uns homens que iam conosco no mesmo carro. O tio Juca, que fora buscar-me, contava a história, afirmando que o meu pai estava doido. Todos olhavam para mim com um grande pesar.
           Eu avalio como deve estar o coronel Cazuza —  dizia um deles. —  Naquela idade, a sofrer destas coisas!
         Compreendi que falavam do meu avô.
           Um homem de bem como ele e tão infeliz com a família!
         O meu tio Juca ficava calado. E a conversa mudava para o inverno que corria bem, para os partidos de cana. E, depois, para a política.
         O trem era para mim uma novidade. Eu ficava à janelinha do vagão a olhar os matos correndo, os postes do telégrafo, e os fios baixando e subindo. Quando chegava a uma estação, ainda mais se aguçava a minha curiosidade. Passavam meninos com roletes de cana e bolos de goma, e gente apressada a dar e a receber recados. E uma porção de pobres a receber esmolas. Uma mulher chegou-se para mim, e toda cheia de brandura:
           Que menino bonitinho! Onde está a sua mãe, meu filho?
         Tive medo da velha. E a saudade de minha mãe fez-me chorar. A pobre afastou-se, espantada, dizendo para os outros que já tinha estranhado. O meu tio levou-me a beber qualquer coisa. E a viagem continuou a divertir-me como dantes.
           Agora vamos saltar —  disse-me ele.
         E na primeira parada deixamos o trem, com grande pena para mim. Na estação estava um pretinho com um cavalo, trazendo umas esporas, um chicote e um pano branco. Meu tio estendeu o pano branco na anca do animal, montou, e o pretinho atirou-me para a garupa. Era o meu primeiro treino de equitação.
           O engenho fica ali perto.
         Eu ia reparando em tudo, achando tudo novo e bonito. A estação ficava perto de um açude coberto de uma camada espessa de verdura. Os matos estavam todos verdes e o caminho cheio de lama, e havia poças de água. Pela estrada estreita, por onde nós íamos, de vez em quando atravessava um boi. Meu tio dizia-me que tudo aquilo era do meu avô. E um pouco adiante, avistava-se uma casa branca e um bueiro grande.
           É ali o engenho, mas nós temos que andar um bocado.
         A minha mãe falava-me sempre do engenho como de um recanto do céu. E uma negra que ela trouxera para criada sabia tantas histórias de lá, das moagens, dos banhos de rio, das frutas e dos brinquedos, que me acostumei a imaginar o engenho como qualquer coisa de um conto de fadas, de um reino fabuloso.       Quando cheguei, com o meu tio Juca, ao pátio da casa, o alpendre estava cheio de gente. Desapeamo, e uma mulher muito parecida com a minha mãe foi logo me abraçando e beijando. Sentado numa cadeira, perto de um banco, estava um velho a quem me levaram para receber a bênção. Era o meu avô.
         Uma porção de moleques olhavam-me admirados. E andei de mão em mão, olhado e examinado da cabeça aos pés. Levaram-me para a cozinha. As negras queriam ver o filho de Clarisse. Foi uma festa na casa.
           Vai mostrar o menino à tia Galdina!
         E me conduziram para um quarto na dependência da casa-grande. Era um quartinho escuro, com cheiro a coisa abafada. Lá dentro estava uma negra velha deitada.
         — Tia Galdina, olhe aqui o menino de Dona Clarisse. Chegou com o doutor Juca, de Recife.
         A velha chamou-me para junto da cama, olhou-me de pertinho como um míope que quisesse ler com atenção, e caiu num choro agoniado.
           É a cara da mãe, meu Deus!
         Saí chorando do quarto da velha. A moça que se parecia com a minha mãe, e que era a sua irmã mais nova, levou-me para mudar de roupa.
         — Agora vou ser a sua mãe. Você vai gostar de mim. Vamos, não chore. Seja homem.
         E abraçou-me e beijou-me, com uma ternura que me fez lembrar os beijos e os abraços de minha mãe. Da minha maleta tirou um pijama e me vestiu, me penteou os cabelos assanhados.
           Vá brincar com os moleques no copiá.
         Os moleques estavam me esperando, mas não se aproximavam de mim. Desconfiados, eles olhavam para o meu pijama, para os meus alamares, encantados, talvez,  com a minha pompa. Porém, aos poucos, foram-se chegando, que pela tarde já estavam na intimidade. E fomos à horta para apanhar goiabas e jambos. O que chamavam de horta era um grande pomar. Muito da minha infância eu iria viver por ali, por debaixo daquelas laranjeiras e jaqueiras gordonas.
         O meu sono dessa noite foi curto. De manhã levaram-me para tomar leite ao pé da vaca. Era um leite de espuma, ainda morno da quentura materna. O meu avô andava vestido com um grande e grosso sobretudo de lã, falando com uns, dando ordens a outros. Uma névoa como fumaça cobria os matos que ficavam nos altos. Os moleques das minhas brincadeiras da tarde estavam todos ocupados, uns levando latas de leite, outros metidos com os pastoreadores no curral. Tudo aquilo para mim era uma delícia —  o gado, o leite de espuma morna, o frio das cinco horas da manhã, a figura alta e solene de meu avô.
         Tio Juca levou-me a tomar banho no rio. Com uma toalha no braço e um copo grande na mão, chamou-me para o banho.
           Você precisa ficar matuto.
         Descemos uma ladeira para o Paraíba, que corria num fino fio d’água pelo areal branco e extenso.
           Vamos para o Poço das Pedras.
         Pouco mais adiante, debaixo de um marizeiro, de copa arrastando no chão, lá estava uma destas piscinas que o curso e a correnteza do rio cavava nas suas margens. E foi aí, com tio Juca, que bebeu, antes do seu banho, um copo cheio de remédio para o sangue, dormido no sereno, que entrei em relação íntima com o engenho de meu avô. A água fria do rio, àquela hora, deixou-me o corpo tremendo. Meu tio então começou a atirar-me para o fundo, ensinando-me a nadar.

JORNALISTA 1: Senhor José Lins, agradecemos pela sua vinda ao nosso programa, pela entrevista concedida e pela leitura convidativa. Certamente de agora em diante seu  público leitor vai aumentar muito. Obrigada.

JOSÉ LINS: Eu sou quem agradece pela oportunidade de falar da minha obra e de me dirigir ao público leitor através desse programa. Muito grato.


Sugestões para o grupo Manuel Bandeira

 Para adquirirem conhecimentos sobre esse poeta, sua biografia, características literárias, poemas, fotos e outras imagens, pesquisem no Google e/ou no seu livro de Português.

Para ampliar seus conhecimentos e poderem produzir os relatórios individuais, assistam os documentários e/ou vídeos, nos sites indicados abaixo:

Vídeo – Manuel Bandeira o habitante de Pasárgada - https://www.youtube.com/watch?v=K6Q0W8s7aHs

Vídeo – A vida de Manuel Bandeira – (biografia) https://www.youtube.com/watch?v=G6bEufiXspk

Vídeo – Manuel Bandeira: vida e obra - https://www.youtube.com/watch?v=NQJi_uGjWzY

Vídeo Modernismo x Manuel Bandeira - https://www.youtube.com/watch?v=NlHpSNezgv0

Vídeo Manuel Bandeira - Vida, Poemas, Canções, Morte & Lembranças - https://www.youtube.com/watch?v=8k7HjbPtRg8

Vídeo O Habitante de Pasárgada - https://www.youtube.com/watch?v=acWHzVBs394

Vídeo  Vou-me embora pra Pasárgada - https://www.youtube.com/watch?v=-wtCdCInwiY


Vídeo Música Vou-me Embora Pra Pasárgada - https://www.youtube.com/watch?v=AEXDlqJGZXs

Documentário Manuel Bandeira o Habitante de Pasárgada - http://educa-tube.blogspot.com.br/2012/10/manuel-bandeira-o-habitante-de.html


APRESENTAÇÃO (devem ensaiar para que a apresentação seja bacana)
Declamação do poema Vou-me Embora Pra Pasárgada, sendo uma estrofe por componente da equipe. Em seguida todos cantarão a  música. acompanhando a gravação.

Vou-me Embora pra Pasárgada                               

Manuel Bandeia
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.



Caso os componentes da equipe queiram, poderão apresentar também os seguintes poemas:


Os Sapos

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”

Este poema foi apresentado na Semana de Arte Moderna, em 1922.

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.


 

Sugestões para o grupo Vinicius de Moraes

Para adquirir conhecimentos sobre esse poeta, poderão pesquisar sua biografia, obras, imagens, etc. no Google.

Para ampliarem o conhecimento e produzirem o relatório individual deverão assistir a documentários e vídeos como os que estão sugeridos nos sites abaixo:

Documentário completo sobre Vinicius de Moraes - https://www.youtube.com/watch?v=gKVXE6fE8tQ

Documentário “Um rapaz de Família – sobre Vinicius de Moraes - https://www.youtube.com/watch?v=U0q9qwLypoE

Documentário Vinicius de Moraes por ele mesmo - https://www.youtube.com/watch?v=CSdDifePg9Q



Documentário 100 anos de Vinicius de Moraes - https://www.youtube.com/watch?v=2VHUwrSxr6M

Documentário – Vinicius de Moraes e Parceiros - https://www.youtube.com/watch?v=hGmdkBbo0x8

Vídeo da música Tarde em Itapuã - https://www.youtube.com/watch?v=gfwCMV-MkA4

Vídeo da música Roxa de Hiroshima - https://www.youtube.com/watch?v=GqG0LGN84SA


Vídeoda música Garota de Ipanema - https://www.youtube.com/watch?v=lg_afqmeZoE


Apresentação  (devem ensaiar para que a apresentação seja bacana)
VOZ e VIOLÃO: a equipe organizará um coral em que todos os componentes cantarão as três músicas seguintes: Tarde em Itapuã, Rosa de Hiroshima e Garota de Ipanema, acompanhados por violonista.


 Tarde em Itapoã
Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho
Um velho calção de banho
O dia pra vadiar
Um mar que não tem tamanho
E um arco-íris no ar
Depois na praça Caymmi
Sentir preguiça no corpo
E numa esteira de vime
Beber uma água de coco

É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã

Enquanto o mar inaugura
Um verde novinho em folha
Argumentar com doçura
Com uma cachaça de rolha
E com o olhar esquecido
No encontro de céu e mar
Bem devagar ir sentindo
A terra toda a rodar

É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã

Depois sentir o arrepio
Do vento que a noite traz
E o diz-que-diz-que macio
Que brota dos coqueirais
E nos espaços serenos
Sem ontem nem amanhã
Dormir nos braços morenos
Da lua de Itapuã

É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã

Rosa de Hiroshima

  Vinicius de Moraes

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada

Garota de Ipanema                     

Composição: Tom Jobim e Vinicius de Moraes
Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça
É ela a menina que vem e que passa
Num doce balanço, caminho do mar

Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar

Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha

Ah, se ela soubesse que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor






Sugestões para o grupo Murilo Mendes

Para estudar o conteúdo, pesquisar biografia, obras e obter imagens, pesquise pelo Google.
Para ampliar seus conhecimentos e fazer o relatório individual, assista os vídeos ou documentários dos sites abaixo relacionados:

Documentário Murilo Mendes - https://www.youtube.com/watch?v=zgR8n8y5MvQ

Vídeo Murilo Mendes Vida e Obra - https://www.youtube.com/watch?v=E3xXoe3p5B8


Vídeo O Homem, a Luta e a Eternidade – Murilo Mendes - https://www.youtube.com/watch?v=GehS-zwi7-A


Vídeo – Homenagem a Murilo Mendes - https://www.youtube.com/watch?v=-yGDR4vgBm8

Vídeo – Trabalho de Português – Murilo Mendes - https://www.youtube.com/watch?v=p62PobqN8pM

Vídeo – análise e recitação do poema “Canção do Exílio” – Murilo Mendes - https://www.youtube.com/watch?v=urG3f1vkhqM



Apresentação  (devem ensaiar para que a apresentação seja bacana)
Cada componente da equipe declamará um dos poemas abaixo: Mas a apresentação é única.


Reflexão n°.1
Murilo Mendes

Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho
Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio
Nem ama duas vezes a mesma mulher.
Deus de onde tudo deriva
E a circulação e o movimento infinito.


Ainda não estamos habituados com o mundo
Nascer é muito comprido.





Canção do exílio
Murilo Mendes

Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
 

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!


O mau samaritano
 Murilo Mendes

Quantas vezes tenho passado perto de um doente,
Perto de um louco, de um triste, de um miserável,
Sem lhes dar uma palavra de consolo.
Eu bem sei que minha vida é ligada à dos outros,
Que outros precisam de mim que preciso de Deus
Quantas criaturas terão esperado de mim
Apenas um olhar – que eu recusei.










São Francisco de Assis de Ouro Preto

 Mutilo Menes

Solta, suspensa no espaço,
Clara vitória da forma
E de humana geometria
Inventando um molde abstrato;
Ao mesmo tempo, segura,
Recriada na razão,
Em número, peso, medida;
Balanço de reta e curva,
Levanta a alma, ligeira,
À sua Pátria natal;
Repouso da cruz cansada,
Signo de alta brancura;
Gerado, em recorte novo,
Por um bicho rastejante,
Mestiço de sombra e luz;
Aposento da Trindade
E mais da Virgem Maria
Que se conhecem no amor;
Traslado, em pedra vivente,
Do afeto de um sumo herói
Que junta o braço do Cristo
Ao do homem seu igual.

Cantiga de Malazarte
Murilo Mendes

Eu sou o olhar que penetra nas camadas do mundo,
ando debaixo da pele e sacudo os sonhos.
Não desprezo nada que tenha visto,
todas as coisas se gravam pra sempre na minha cachola.
Toco nas flores, nas almas, nos sons, nos movimentos,
destelho as casas penduradas na terra,
tiro os cheiros dos corpos das meninas sonhando.
Desloco as consciências,
a rua estala com os meus passos,
e ando nos quatro cantos da vida.
Consolo o herói vagabundo, glorifico o soldado vencido,
não posso amar ninguém porque sou o amor,
tenho me surpreendido a cumprimentar os gatos
e a pedir desculpas ao mendigo.
Sou o espírito que assiste à Criação
e que bole em todas as almas que encontra.
Múltiplo, desarticulado, longe como o diabo.
Nada me fixa nos caminhos do mundo.


O filho do século
Mutilo Mendes

Nunca mais andarei de bicicleta
Nem conversarei no portão
Com meninas de cabelos cacheados
Adeus valsa "Danúbio Azul"
Adeus tardes preguiçosas
Adeus cheiros do mundo sambas
Adeus puro amor
Atirei ao fogo a medalhinha da Virgem
Não tenho forças para gritar um grande grito
Cairei no chão do século vinte
Aguardem-me lá fora
As multidões famintas justiceiras
Sujeitos com gases venenosos
É a hora das barricadas
É a hora da fuzilamento, da raiva maior
Os vivos pedem vingança
Os mortos minerais vegetais pedem vingança
É a hora do protesto geral
É a hora dos vôos destruidores
É a hora das barricadas, dos fuzilamentos
Fomes desejos ânsias sonhos perdidos,
Misérias de todos os países uni-vos
Fogem a galope os anjos-aviões
Carregando o cálice da esperança
Tempo espaço firmes porque me abandonastes.

SOLIDARIEDADE

Sou ligado pela herança do espírito e do sangue
Ao mártir, ao assassino, ao anarquista.
Sou ligado
Aos casais na terra e no ar,
Ao vendeiro da esquina,
Ao padre, ao mendigo, à mulher da vida,
Ao mecânico, ao poeta, ao soldado,
Ao santo e ao demônio,
Construídos à minha imagem e semelhança
Murilo Mendes







Sugestões para o Grupo Cecília Meireles

Para pesquisar a biografia da poetisa, suas obras, imagens, etc. usem o Google.

Para aprender mais e produzir o relatório individual assistam os vídeos ou documentários encontrados nos seguintes sites:

Documentário Cecília Meireles - https://www.youtube.com/watch?v=icsLaAntvSI



Vídeo Vida e Obra e Cecília Meireles - https://www.youtube.com/watch?v=VE0x1eLkVQI

Vida História de Cecília Meireles - https://www.youtube.com/watch?v=pUHTc84PcoQ

Vídeo Biografia de Cecília Meireles - https://www.youtube.com/watch?v=tOB_A0oC1o8




Vídeo – Nada é Impossível – Cecília Meireles - https://www.youtube.com/watch?v=38-FPoRntec


Vídeo do Poema Canção do Outono - https://www.youtube.com/watch?v=bU3Umzjm7DM

Vídeo do Poema PRIMAVERA - https://www.youtube.com/watch?v=oZbVVTYcblk


Vídeo do Poema MEU SONHO - https://www.youtube.com/watch?v=JUa0MLpBut0


Vídeo do poema MOTIVO – (com Fagner) - https://www.youtube.com/watch?v=5fZG4rFOeSg



Vídeo – poema retrato declamado por Cecília Meireles - https://www.youtube.com/watch?v=dPJUCdhTSNQ

Esses vídeos também podem ser visualizados no blog do Prof. José Gomes  - HTTP:// http://desbravandonossalinguaportuguesa.blogspot.com.br/



APRESENTAÇÃO  (devem ensaiar para que a apresentação seja bacana)
Declamação de poemas de Cecília Meireles. Cada componente do grupo declama um poema.  Todos entrarão juntos e cada um fará sua recitação.

Para declamar o poema Retrato, sugere-se que a aluna  esteja caracterizada da personagem e tendo às mãos um espelho médio.

Retrato

                                Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.






Canção de Outono

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando aqueles
que não se levantarão...

Tu és folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
Despedida                            

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)

Quero solidão.

Lua Adversa

Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...


Canção

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.





Sugestões para o grupo Castro Alves

Para pesquisar biografia, obter fotos e outros conteúdos para o stand, usem o Google.
Há também conteúdo no blog do Prof. José Gomes:  http://desbravandonossalinguaportuguesa.blogspot.com.br/

Para produzirem o relatório individual assistam vídeos e documentários. Sugerimos os seguintes:

Vídeo Poesis – há vários autores mas também há a declamação de Navio Negreiro, de Castro Alves. http://tvescola.mec.gov.br/tve/video?idItem=4961






Apresentação  (devem ensaiar para que a apresentação seja bacana)
Cada um dos seguintes poemas pode ser declamado por dois alunos alternando entre eles as estrofes. Navio Negreiro pode ser um jogral com a participação de todos do grupo.
SERIA INTERESSANTES QUE TODOS OS COMPONENTES SE CARACTERIZASSEM DE CASTRO ALVES: USANDO TERNO E UM BIGODE ARTIFICIAL.

A senzala

Castro Alves

Qual o veado, que buscou o aprisco,
Balindo arisco, para a cerva corre...
ou como o pombo, que os arrulos solta,
Se ao ninho volta, quando a tarde morre...,

Assim, cantando a pastoril balada,
Já na esplanada o lenhador chegou.
Para a cabana da gentil Maria
Com que alegria a suspirar marchou!

Ei-la a casinha... tão pequena e bela!
Como é singela com seus brancos muros!
Que liso teto de sapé doirado!
Que ar engraçado! que perfumes puros!



Abre a janela para o campo verde,
Que além se perde pelos cerros nus...
A testa enfeita da infantil choupana
Verde liana de festões azuis.

É este o galho da rolinha brava,
Aonde a escrava seu viver abriga...
Canta a jandaia sobre a curva rama
E alegre chama sua dona amiga.

Aqui n'aurora, abandonando os ninhos,
Os passarinhos vêm pedir-lhe pão;
Pousam-lhe alegres nos cabelos bastos,
Nos seios castos, na pequena mão.

Eis o painel encantado,
Que eu quis pintar, mas não pude...
Lucas melhor o traçara
Na canção suave e rude...
Vede que olhar, que sorriso
S'expande no brônzeo rosto,
Vendo o lar do seu amor...
Ai! Da luz do Paraíso
Bate-lhe em cheio o fulgor.



A canção do Africano

Castro Alves

Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão ...


De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!


"Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!


"0 sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!


"Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar ...


"Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro".

O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
Pra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!


............................


O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.


E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!















O Navio Negreiro (Tragédia no Mar)
‘Stamos em pleno mar… Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm… cansam
Como turba de infantes inquieta.

‘Stamos em pleno mar… Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro…
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro…

‘Stamos em pleno mar… Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes…
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?…

‘Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas…

Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest’hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento…
E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia,
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia…
………………………………………………….

Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.

II
Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.

Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!

O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!

Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu…
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu!…

III
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais … inda mais… não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí… Que quadro d’amarguras!
É canto funeral! … Que tétricas figuras! …
Que cena infame e vil… Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

IV
Era um sonho dantesco… o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais …
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos… o chicote estala.
E voam mais e mais…

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!…”

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais…
Qual um sonho dantesco as sombras voam!…
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!…

V
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?…
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa…
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!…

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus…
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão…

São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe… bem longe vêm…
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N’alma — lágrimas e fel…
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis…
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus …
…Adeus, ó choça do monte,
…Adeus, palmeiras da fonte!…
…Adeus, amores… adeus!…

Depois, o areal extenso…
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos… desertos só…
E a fome, o cansaço, a sede…
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p’ra não mais s’erguer!…
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.

Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d’amplidão!
Hoje… o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar…
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar…

Ontem plena liberdade,
A vontade por poder…
Hoje… cúm’lo de maldade,
Nem são livres p’ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute… Irrisão!…

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro… ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!…
Ó mar, por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!…

VI
Existe um povo que a bandeira empresta
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!…
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!…
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa… chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!…
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança…
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!…

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! … Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

(Escrito em São Paulo, em 18 de abril de 1869, com apenas 22 anos.)
( Castro Alves )






Sugestões para o grupo Carlos Drummond de Andrade

Para Pesquisa e elaboração do relatório, assistam vídeos e documentários sobre Drummond. Eis a sugestão de alguns sites ou blogs onde encontrarão material audiovisual:

Blog do Prof. José Gomes, vídeo POEMA JOSÉ com música e interpretação - http://desbravandonossalinguaportuguesa.blogspot.com.br/search?updated-min=2013-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2014-01-01T00:00:00-08:00&max-results=16 (está nas postagens de 2013).





Vídeo do poema Quadrilha - https://www.youtube.com/watch?v=C6tNuId7RNA

Vídeo do Poema NO MEIO DO CAMINHO - https://www.youtube.com/watch?v=wzz8NoFYsOs


Carlos Drummond de Andrade - https://www.youtube.com/watch?v=kMZHoLdfLVo

Para pesquisar biografia e imagens usem o Google.



APRESENTAÇÃO (devem ensaiar para que a apresentação seja bacana)
Jogral e música com o poema  José. Cada componente do grupo lerá uma estrofe (alguns lerão duas, conforme seja necessário) . Todos entoarão a canção acompanhando a gravação.


Os poemas No Meio do Caminho e Cidadezinha qualquer podem ser declamados individualmente.

 

José

Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?



E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?


Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

No meio do caminho

Carlos Drummond de Andrade
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Cidadezinha Qualquer

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
 



Sugestões para o grupo Clarice Lispector

Para adquirir conhecimentos sobre a escritora, pesquisem sua biografia, características literárias, obras, fotos, imagens de capas de romances, etc, no goggle.

Para ampliar os conhecimentos e produzirem o relatório individual, assistam vídeos e documentários. A seguir sugerimos alguns e os sites:


Vídeo Entrevista com Clarice Lispector - https://www.youtube.com/watch?v=djj_gdxUrPI

Vídeo Panorama com Clarice Lispector - https://www.youtube.com/watch?v=ohHP1l2EVnU

Vídeo Clarice Lispector Perdoando Deus - https://www.youtube.com/watch?v=E5CX_PX0gVs

Vídeo Frases Famosas de Clarice Lispector - https://www.youtube.com/watch?v=iuD5lE2_ZNg

Vídeo Saudades – Clarice Lispector - https://www.youtube.com/watch?v=jUrf4uqboXE

Documentário – Clarice Lispector - https://www.youtube.com/watch?v=6KUVe2WFEUU

Vídeo – Clarice Lispector – De Lá Pra Cá – 2 - https://www.youtube.com/watch?v=alJkL6lgB3Q

Vídeo – A Hora da Estrela - https://www.youtube.com/watch?v=zVW6_RGDh0E

Vídeo sobre o romance A Hora da Estrela - https://www.youtube.com/watch?v=CJUsyaftq3w

FILME (completo) A HORA DA ESTRELA - https://www.youtube.com/watch?v=376JgN-2cEc


APRESENTAÇÃO (devem ensaiar para que a apresentação seja bacana)
Para a apresentação sobre o romance A HORA DA ESTRELA:
Dois alunos farão a leitura da síntese do romance  A HORA DA ESTRELA.
Dois alunos se caracterizam de Macabéa e Olímpico para lerem um trecho do romance. Os demais do grupo farão uma leitura oral de um trecho cômico do romance A HORA DA ESTRELA (aquele trecho que fala do passeio ao jardim zoológico, por exemplo). Um aluno será o narrador.

Leitor 1 – o ENREDO DO ROMANCE A HORA DA ESTRELA

leitor 2: Em A Hora da Estrela, aquilo que se convencionou chamar de enredo é algo bastante simples, com pouca ação, e pode ser resumido assim:

leitor 1: Uma feia moça nordestina, muito pobre, muito simplória, muito ignorante, mas também muita rica em peculiaridades que o narrador descobre nela, é a personagem central [protagonista] da história. Essa moça tem 19 anos, chama-se Macabea e vive no Rio de Janeiro, na Rua do Acre, próxima do cais do porto, onde compartilha, num velho sobrado, as vagas de um quarto muito modesto, com mais quatro moças [todas Marias e todas balconistas das Lojas Americanas].

LEITOR 2
: Macabea trabalha como datilógrafa numa firma de representantes de roldanas, que fica na Rua do Lavradio. Quando viera para o Rio, ainda vivia com a tia beata, pessoa que a criara desde a morte dos pais, aos dois anos de idade, no sertão de Alagoas, onde a moça nascera. Mais tarde, foram morar em Maceió e, depois, não se sabe por quê, mudaram-se para o Rio. Só após a morte da tia é que Macabea vai viver no quarto da Rua do Acre.

LEITOR 1 Os fatos propriamente ditos começam a ser narrados quando a nordestina recebe de seu chefe, Raimundo Silveira, [por quem ela estava secretamente apaixonada] o aviso de que será despedida por incompetência. Como Macabea aceita o fato com enorme humildade, o chefe se compadece e resolve não despedi-la imediatamente.

LEITOR 2: Logo depois disso, num final de tarde chuvoso, dia 7 de maio, a moça encontra, por acaso, um rapaz também nordestino [Olímpico de Jesus], com quem inicia uma espécie de namoro. Esse namoro, porém, dura pouco, pois Olímpico, um operário ambicioso e de maus antecedentes, acaba trocando Macabea por Glória, sua colega, com quem ele acha que terá mais chances de 'subir na vida', já que ela era mais bonita e muito mais esperta do que Macabea.

LEITOR 1: Glória, com certo sentimento de culpa por ter roubado o namorado da colega, sugere a Macabea que vá a uma cartomante, sua conhecida. Para isso, empresta-lhe dinheiro e diz-lhe que a mulher [Madame Carlota] era tão boa, que poderia até indicar-lhe o jeito de arranjar outro namorado. Macabea vai, então, à cartomante, que, primeiro, lhe faz confidências sobre seu passado de prostituta; depois, após constatar que a nordestina era muito infeliz, prediz-lhe um futuro maravilhoso, já que ela deveria casar-se com um belo homem loiro e rico - Hans - que lhe daria muito luxo e amor.

LEITOR 2: Macabea sai da casa de Madame Carlota 'grávida de futuro', encantada com a felicidade que a cartomante lhe garantira e que ela já começava a sentir. Então, logo ao descer a calçada para atravessar a rua, é atropelada por um luxuoso Mercedes amarelo. E a morte vem lentamente, enquanto o narrador vai fazendo divagações e reflexões filosóficas, às vezes fóricas sobre Macabea, sua vida, seu destino e sobre o próprio ato de narrar e a [in]capacidade dele, narrador, de evitar a morte da personagem.

LEITOR 1
: Enfim, tendo se acomodado fetal, Macabea morre. Assim, ao que tudo indica, é através da morte que essa pobre criaturinha, de 'corpo cariado' e 'útero murcho', mas que queria ser 'artista de cinema', vai encontrar a sua hora de estrela.
E, morrendo Macabea, morre o próprio narrador, Rodrigo S.M. Ao longo de toda a narrativa, a identificação e o envolvimento de Rodrigo com sua personagem é realmente tão grande, [tornando-se ele a própria consciência que Macabea não possuía] que se entende por que ele diz morrer junto com ela.

LEITOR 2: A  seguir teremos a apresentação de um trecho do romance.

Trecho: do romance A Hora da Estrela

NARRADOR: Macabéa era na verdade - uma figura medieval enquanto Olímpico de Jesus se julgava peça-chave, dessas que abrem qualquer porta. Macabéa simplesmente não era técnica, ela era só ela. Não, não quero ter sentimentalismo e, portanto vou cortar o coitado implícito dessa moça. Mas tenho que anotar que Macabéa nunca recebera uma carta em sua vida e o telefone do escritório só chamava o chefe e Glória. Ela uma vez pediu a Olímpico que lhe telefonasse. Ele disse: - Telefonar para ouvir as tuas bobagens? Quando Olímpico lhe -.dissera que terminaria deputado pelo Estado da Paraíba,. ela ficou boquiaberta e pensou: quando nos casarmos então serei uma deputada? Não queria, pois deputada parecia nome feio. (Como eu disse, essa não é uma história de pensamentos. Depois provavelmente voltarei para as inominadas sensações, até sensações de Deus. Mas a história de Macabéa tem que sair senão eu estouro.) As poucas conversas entre os namorados versavam sobre farinha, carne-de-sol, carne-seca, rapadura, melado. Pois esse era o passado de ambos e eles esqueciam o amargor da infância porque esta, já que passou, é sempre acre-doce e dá até nostalgia. Pareciam por demais irmãos, coisa que - só agora estou percebendo - não dá para casar. Mas eu não sei se eles sabiam disso. Casariam ou não? Ainda não sei, só sei que eram de algum modo inocentes e pouca sombra faziam no chão. Não menti, agora vi tudo: ele não era inocente coisa alguma uma vítima geral do mundo. Tinha, descobri agora, dentro de si a dura semente do mal, gostava de se vingar, este era o seu grande prazer e o que lhe dava força de vida. Mais do que ela que não tinha anjo da guarda. Enfim o que fosse acontecer, aconteceria. E por enquanto nada acontecia, os dois não sabiam inventar acontecimentos. Sentavam-se no que é de graça: banco de praça pública. E ali acomodados, nada os distinguia do resto do nada. Para a grande glória de Deus.
OLÍMPICO: : - Pois é.
MACABÉA: - Pois é o quê?
OLÍMPICO: - Eu só disse pois é!
MACABÉA: - Mas "pois é" o quê?
OLÍMPICO: - Melhor mudar de conversa porque você não me entende.
MACABÉA: - Entender o quê?
OLÍMPÍCO: - Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já!
MACABÉA: - Falar então de quê?
OLÍMPICO: - Por exemplo, de você.
MACABÉA: - Eu?!
OLÍMPICO: - Por que esse espanto? Você não é gente? Gente fala de gente.
MACABÉA: - Desculpe, mas não acho que sou muito gente.
OLÍMPICO: - Mas todo mundo é gente, meu Deus!
MACABÉA: - É que não me habituei.
OLÍMPICO: - Não se habituou com quê?
MACABÉA: - Ah, não sei explicar.
OLÍMPICO: - E então?
MACABÉA: - Então o quê?
OLÍMPICO: - Olhe, eu vou embora porque você é impossível!
MACABÉA: - É que só sei ser impossível, não sei mais nada. Que é que eu faço para conseguir ser possível?
OLÍMPICO: - Pare de falar porque você só diz besteira! Diga o que é do teu agrado.
MACABÉA: - Acho que não sei dizer.
OLÍMPICO: - Não sabe o quê?
MACABÉA: - Hein?
OLÍMPICO: - Olhe, até estou suspirando de agonia. Vamos não falar em nada, está bem?
MACABÉA: - Sim, está bem, como você quiser.
OLÍMPICO: - É, você não tem solução. Quanto a mim, de tanto me chamarem, eu virei eu. No sertão da Paraíba não há quem não saiba quem é Olímpico. E um dia o mundo todo vai saber de mim.
MACABÉA: - É?
OLÍMPICO: - Pois se eu estou dizendo! Você não acredita?
MACABÉA: - Acredito sim, acredito, acredito, não quero lhe ofender.
NARRADOR: Em pequena ela vira uma casa pintada de rosa e branco com um quintal onde havia um poço com cacimba e tudo. Era bom olhar para dentro. Então seu ideal se transformara nisso: em vir a ter um poço só para ela. Mas não sabia como fazer e então perguntou a Olímpico:
MACABÉA: - Você sabe se a gente pode comprar um buraco?
OLÍMPICO: - Olhe, você não reparou até agora, não desconfiou que tudo que você pergunta não tem resposta?
NARRADOR: Ela ficou de cabeça inclinada para o ombro assim como uma pomba fica triste. Quando ele falava em ficar rico, uma vez ela lhe disse:
MACABÉA: - Não será somente visão?
OLÍMPICO: - Vá para o inferno, você só sabe desconfiar. Eu só não digo palavrões grossos porque você é moça-donzela.
MACABÉA: - Cuidado com suas preocupações, dizem que dá ferida no estômago.
OLÍMPICO: - Preocupações coisa nenhuma, pois eu sei no certo que vou vencer. Bem, e você tem preocupações?
MACABÉA: - Não, não tenho nenhuma. Acho que nâo preciso vencer na vida.
NARRADOR: Foi a única vez em que falou de si própria para Olímpico de Jesus. Estava habituada a se esquecer de si mesma. Nunca quebrava seus hábitos, tinha medo de inventar.
MACABÉA: - Você sabia que na Rádio Relógio disseram que um homem escreveu um livro chamado "Alice no País das Maravilhas" e que era também um matemático? Falaram também em "álgebra". O que é que quer dizer "álgebra"?
OLÍMPICO: - Saber disso é coisa de fresco, de homem que vira mulher. Desculpe a palavra de eu ter dito fresco porque isso é palavrão para moça direita.
MACABÉA- Nessa rádio eles dizem essa coisa de "cultura" e palavras difíceis, por exemplo: o que quer dizer "eletrônico"?
Silêncio.
OLÍMPICO: - Eu sei mas não quero dizer.
MACABÉA: - Eu gosto tanto de ouvir os pingos de minutos do tempo assim: tic-tac-tic-tac-tic. A rádio Relógio diz que dá a hora certa, cultura e anúncios. Que quer dizer cultura?
OLÍMPICO: - Cultura é cultura.
NARRADOR:  continuou ele emburrado.
OLÍMPICO:  -- Você também vive me encostando na parede.
MACABÉA: - é que muita coisa eu não entendo bem. O que quer dizer "renda per capita"?
OLÍMPICO: - Ora, é fácil, é coisa de médico.
MACABÉA: - O que dizer rua Conde de Bonfim? O que é que conde? É príncipe?
NARRADOR: - Não contou que o roubara no mictório da fábrica: o colega o tinha deixado na pia quando lavara as mãos. Ninguém soube, ele era um verdadeiro técnico em roubar: não usava o relógio de pulso no trabalho.
MACABÉA: - Sabe o que mais eu aprendi? Eles disseram que se devia ter alegria de viver. Então eu tenho. Eu também ouvi uma música linda, eu até chorei.
OLÍMPICO: - Era samba?
MACABÉA: - Acho que era. E cantada por um homem chamado Caruso que se diz que já morreu. A voz era tão macia que até doía ouvir. A música chamava-se "Una Furtiva Lacrima". Não sei por que eles não disseram lágrima. "Una Furtiva Lacrima" fora a única coisa belíssima na sua vida.
NARRADOR: Enxugando as próprias lágrimas tentou cantar o que ouvira. Mas a sua voz era crua e tão desafinada como ela mesma era. Quando ouviu começara chorar. Era a primeira vez que chorava, não sabia que tinha tanta água nos olhos. Chorava, assoava o nariz sem saber mais por que chorava. Não chorava por causa da vida que levava: porque, não tendo conhecido outros modos de viver, aceitara que com ela era "assim". Mas também creio que chorava porque, através da música, adivinhava talvez que havia outros modos de sentir, havia existências mais delicadas e até com um certo luxo de alma. Muitas coisas sabia que não sabia entender. "Aristocracia" significaria por acaso uma graça concedida? Provavelmente. Se é assim, que assim seja. O mergulho na vastidão do mundo musical que não carecia de se entender. Seu coração disparara. E junto de Olímpico ficou de repente corajosa e arrojando-se no desconhecido de si mesma disse:
MACABÉA: - Eu acho que até sei cantar essa música. Lá-lá-lálá- lá.
OLÍMPICO: - Você até parece uma muda cantando. Voz de cana rachada.
MACABÉA: - Deve ser porque é a primeira vez que canto na vida.
NARRADOR: Ela achava que "lacrima" em vez de lágrima era erro do homem da rádio. Nunca lhe ocorrera a existência de outra língua e pensava que no Brasil se falava brasileiro. Além dos cargueiros do mar nos domingos, só tinha essa música. O substrato último da música era a sua única vibração. E o namoro continuava ralo. Ele:
OLÍMPICO: - Depois que minha santa mãe morreu, nada mais me prendia na Paraíba.
MACABÉA: - De que é que ela morreu?
OLÍMPICO: - De nada. Acabou-se a saúde dela.
NARRADOR: Ele falava coisas grandes, mas ela prestava atenção nas coisas insignificantes como ela própria. Como não tinha lenço para limpar a lama e o sangue, enxugou o rosto com a saia, dizendo:
MACABÉA: - Você não olhe enquanto eu estiver me limpando, por favor, porque é proibido levantar a saia.
NARRADOR: Mas ele emburrara de vez e não disse mais nenhuma palavra. Passou vários dias sem procurá-la: seu brio fora atingido. Afinal terminou por voltar para ela. Por motivos diferentes entraram num açougue. Para ela o cheiro da carne crua era um perfume que a levitava toda como ,se tivesse comido. Quanto a ele, o que queria ver era o açougueiro e sua faca amolada. Tinha inveja do açougueiro e também queria ser. Meter a faca na carne o excitava. Ambos saíram do açougue satisfeitos. Embora ela se perguntasse: que gosto terá esta carne? E ele se perguntava: como é que uma pessoa consegue ser açougueiro? Qual era o segredo? (O pai de Glória trabalhava num açougue belíssimo.) Ela disse:
MACABÉA:  - Eu vou ter tanta saudade de mim quando morrer.
OLÍMPICO: - Besteira, morre-se e morre-se de uma vez.
MACABÉA: - Não foi o que minha tia me ensinou.
OLÍMPICO: - Que tua tia se dane.
MACABÉA: - Sabe o que eu mais queria na vida? Pois era ser artista de cinema. Só vou ao cinema no dia em que o chefe me paga. Eu escolho cinema poeira, sai mais barato. Adoro as artistas. Sabe que Marylin era toda cor-de-rosa?
OLÍMPICO: - E você tem cor de suja. Nem tem rosto nem corpo para ser artista de cinema.
MACABÉA: - Você acha mesmo?
OLÍMPICO: - Tá na cara.
MACABÉA: - Não gosto de ver sangue no cinema. Olhe, sangue eu não posso mesmo ver porque me dá vontade de vomitar.
OLÍMPICO: - Vomitar ou chorar?
MACABÉA: - Até hoje com a graça de Deus nunca vomitei.
OLÍMPICO: - É, dessa vaca não sai leite.
NARRADOR: Pensar era tão difícil, ela não sabia de que jeito se pensava. Mas Olímpico não só pensava como usava palavreado fino. Nunca esqueceria que no primeiro encontro ele a chamara de "senhorinha", ele fizera dela um alguém. Como era um alguém, comprou um batom cor-de-rosa. O seu diálogo era sempre oco. Dava-se conta longinquamente de que nunca dissera uma palavra verdadeira. E "amor" ela não chamava de amor, chamava de não-sei-o-quê.
OLÍMPICO: - Olhe, Macabéa...
MACABÉA: - Olhe o quê?
OLÍMPICO: - Não, meu Deus, não é "olhe' de ver, é "olhe" como quando se quer que uma pessoa escute! Está me escutando?
MACABÉA: - Tudinho, tudinho!
OLÍMPICO: - Tudinho o quê, meu Deus, pois se eu ainda não falei! Pois olhe vou lhe pagar um cafezinho no botequim. Quer?
MACABÉA: - Pode ser pingado com leite?
OLÍMPICO: - Pode, é o mesmo preço, se for mais, o resto você paga.
NARRADOR: Macabéa não dava nenhuma despesa a Olímpico. Só dessa vez quando lhe pagou um cafezinho pingado que ela encheu de açúcar quase a ponto de vomitar mas controlou-se para não fazer vergonha. O açúcar ela botou muito para aproveitar. E uma vez os dois foram ao Jardim Zoológico, ela pagando a própria entrada. Teve muito espanto ao ver os bichos. Tinha medo e não os entendia: por que viviam? Mas quando viu a massa compacta, grossa, preta e roliça do rinoceronte que se movia em câmara lenta, teve tanto medo que se mijou toda. O rinoceronte lhe pareceu um erro de Deus, que me perdoe, por favor, sim? Mas não pensara em Deus nenhum, era apenas um modo de. Com a graça de alguma divindade
Olímpico nada percebeu e ela disse a ele:
MACABÉA: - Estou molhada porque me sentei no banco molhado. E ele nada percebeu. NARRADOR: Ela rezou automaticamente em agradecimento. Não era agradecimento a Deus, só estava repetindo o que aprendera na infância.
MACABÉA: - A girafa é tão elegante, não é?
OLÍMPICO: - Besteira, bicho não é elegante.
NARRADOR: Ela teve inveja da girafa que pairava tão longe no ar. Tendo visto que seus comentários sobre bichos não agradavam Olímpico, procurou outro assunto:
MACABÉA: - Na Rádio Relógio disseram uma palavra que achei meio esquisita: mimetismo.
NARRADOR: Olímpico olhou-a desconfiado:
OLÍMPICO: - Isso é lá coisa para moça virgem falar? E para que serve saber demais? O Mangue está cheio de raparigas que fizeram perguntas demais.
MACABÉA: - Mangue é um bairro?
OLÍMPICO: - É lugar ruim, só pra homem ir. Você não vai entender mas eu vou lhe dizer uma coisa: ainda se encontra mulher barata. Você me custou pouco, um cafezinho. Não vou gastar mais nada com você, está bem?
NARRADOR: Ela pensou: eu não mereço que ele me pague nada porque me mijei. Depois da chuva do Jardim Zoológico, Olímpico não foi mais o mesmo: desembestara. E sem notar que ele próprio era de poucas palavras como convém a um homem sério, disse-lhe:
OLÍMPICO: - Mas puxa vida! Você não abre o bico e nem tem assunto!
NARRADOR: Então aflita ela lhe disse:
MACABÉA: - Olhe, o Imperador Carlos Magno era chamado na terra dele de Carolus! E você sabia que a mosca voa tão depressa que se voasse em linha reta ela ia passar pelo mundo todo em 28 dias?
OLÍMPICO: - Isso é mentira!
MACABÉA: - Não é não, juro pela minha alma pura que aprendi isso na Rádio Relógio!
OLÍMPICO: - Pois não acredito.
MACABÉA: - Quero cair morta neste instante se estou mentindo. Quero que meu pai e minha mãe fiquem no inferno, se estou lhe enganando.
OLÍMPICO: - Vai ver que cai mesmo morta. Escuta aqui: você está fingindo que é idiota ou é idiota mesmo?
MACABÉA: - Não sei bem o que sou, me acho um pouco... de quê? . . . Quer dizer não sei bem quem eu sou.
OLÍMPICO: - Mas você sabe que se chama Macabéa, pelo menos isso?
MACABÉA: - É verdade. Mas não sei o que está dentro do meu nome. Só sei que eu nunca fui importante... - Pois fique sabendo que meu nome ainda será escrito nos jornais e sabido por todo o mundo.  - Sabe que na minha rua tem um galo que canta?
OLÍMPICO: - Por que é que você mente tanto?


Sugestões para o Grupo Guimarães Rosa

Para pesquisar sobre o escritor, sua biografia, características literárias, obras principais, fotos, imagens, etc, use o Google.

Para ampliar os conhecimentos obtidos com a pesquisa e com as aulas, assistam aos vídeos, documentários e ou filmes que sugerimos nos sites abaixo, inclusive para elaborarem os relatórios individuais:


Documentário Guimarães Rosa - https://www.youtube.com/watch?v=XkeX1fdS91E

Documentário Guimarães Rosa, o mágico no reino das palavras. - http://www.pactoaudiovisual.com.br/mestres_final/guimaraes/documentario.htm

Documentário O Caminho de Guimarães Rosa no sertão mineiro - https://www.youtube.com/watch?v=NfkR45rWih8

Vídeo Grande Sertão Veredas – parte 1 - https://www.youtube.com/watch?v=XIvYFtp9tuA

Vídeo Grande Sertão Veredas -  parte 2 - https://www.youtube.com/watch?v=YMTEDkA9-CI

Vídeo Grande Sertão Veredas 1985 - https://www.youtube.com/watch?v=2zg30lxt3K8

Vídeo Grande Sertão Veredas - https://www.youtube.com/watch?v=fYuhdIoSMCI

Vídeo Grande Sertão Veredas – minissérie completa - https://www.youtube.com/watch?v=FaajD9UAlEo

Vídeo sobre o conto O Burrinho Pedrês - https://www.youtube.com/watch?v=kVN0RzyI2KE

Vídeo – O Burrinho Pedrês - https://www.youtube.com/watch?v=fEKdYwTy8c8

Vídeo O Burrinho Pedrês - https://www.youtube.com/watch?v=lOC_PiL4rg4



APRESENTAÇÃO (devem ensaiar para que a apresentação seja bacana)
Biografia

1 Leitor

João Guimarães Rosa


João Guimarães Rosa (1908-1967) foi um dos maiores prosistas do século XX. De um estilo único e pessoal de linguagem e narrativa, Guimarães Rosa sempre usou a realidade como fonte de inspiração sem descrevê-la documentalmente. Mineiro, o médico e diplomata Guimarães Rosa ganhou prêmios como poeta e contista já no início da carreira, na década de 30. Como servia na Alemanha em 1942, foi preso durante a guerra diplomática. A partir do fim do Estado Novo Guimarães Rosa vai ganhando força e qualidade como escritor. Em 1956 publica sua obra-prima, Grande Sertão: Veredas -- adaptada mais de uma vez para cinema e televisão. Dois anos depois tornou-se ministro e em 1963 foi eleito para a ABL. Foi adiando sua posse durante quatro anos e acabou por falecer três dias após empossado. Guimarães Rosa começou a partir do Regionalismo mineiro, mas sua obra partiu para o universal, experimental e fantástico (nos dois sentidos), com grande profundidade psicológica. Guimarães Rosa pode ser considerado um dos melhores, se não melhor prosista da chamada geração de 45, tendo sido excelente não apenas em seus romances, como também em seus contos.

Apresentação sobre o conto O Burrinho Pedrês

LEITOR 1: O burrinho pedrês - Conto narrado em terceira pessoa, onde a onisciência do narrador é propositalmente relativizada, dando voz própria e encantamento às narrativas e acentuando sua dimensão mítica e poética
O burrinho pedrês
A trama desse conto, como nas demais narrativas de Guimarães Rosa, é relativamente simples. O velho burrinho Sete-de-Ouros, por falta de outras montarias, é engajado para levar uma boiada vendida pelo dono da fazenda, o major Saulo. Durante a viagem, ficamos sabendo que o vaqueiro Silvino quer matar o vaqueiro Badu, por causa de uma moça. Francolim, que é uma espécie de ajudante-de-ordens do major, denuncia a briga ao patrão, mas nada é feito para evitá-la.
Silvino chega a provocar um acidente, com o intuito de fazer os bois atropelarem Badu. Quando vê que não consegue matá-lo desta forma, planeja fazê-lo pessoalmente, na viagem de volta, depois de atravessarem o ribeirão cheio pelas chuvas. Nesse retorno, Badu está bêbado. Por isso, os demais vaqueiros deixam-no com o burrinho Sete-de-Ouros. Ao atravessarem o ribeirão, morrem na enchente oito vaqueiros, inclusive Silvino. Badu é salvo heroicamente pelo Sete-de-Ouros, que consegue chegar à outra margem e ao descanso merecido. Traz, vitorioso, o bêbado apaixonado na sela e Francolim agarrado no rabo...

LEITOR 2:

Desde o primeiro conto, O burrinho pedrês, estão presentes os elementos fundamentais para compreendermos os contos de Sagarana. O nome do burrinho, Sete-de-Ouros, por exemplo, é recoberto pela magia de um número místico (sete) e pela força simbólica do ouro, indicador de superação e de transcendência para os alquimistas.
Um burrinho velho e resignado, assume, assim, uma dimensão fantástica intensificada pelo tom de história de fada da narrativa (Era um burrinho pedrês) e pelo heroísmo que adquire graças ao acaso - outro elemento constante nestes contos - que o faz salvar Badu, o vaqueiro perseguido, e Francolim, da enchente e da morte. As quadrinhas folclóricas que povoam a narrativa, as estórias contadas pelos vaqueiros (a do boi Calundu e a do pretinho triste) iluminam a travessia do burrinho pedrês, de uma a outra margem do rio.
A travessia, a superação de obstáculos por ocultos caminhos é uma imagem freqüente em Guimarães Rosa, como também a presença de forças mágicas, da natureza, atuando sobre o mundo e mostrando as possibilidades de os fracos se tornarem fortes, de se saber uma vida no resumo exemplar de apenas um dia...É o caso do Sete-de -Ouros, que, depois de agigantar-se sem perceber, farejou o cocho. Achou milho. Comeu. Então rebolcou-se, com as esponjadelas obrigatórias, dançando de patas no ar e esfregando as costas no chão. Comeu mais. Depois procurou um lugar qualquer, e se acomodou para dormir, entre a vaca mocha e a vaca malhada, que ruminavam, quase sem bulha, na escuridão. O burrinho voltou ao anonimato e á apatia da velhice, depois de gesto surpreendentemente heróico., um burrinho velho salvando os vaqueiros da enchente (O burrinho pedrês), os bois salvando o menino dos maltratos



Sugestões para o grupo Jorge Amado

Para adquirirem mais conhecimentos sobre esse escritor baiano, sua biografia, características literárias, principais obras, etc., pesquisem no Google, no seu livro de Português, etc.

Para ampliar seus conhecimentos e produzirem os relatórios individuais, assistam os documentários, vídeos ou filmes que estão nos sites abaixo citados:

Documentário Jorge Amado - https://www.youtube.com/watch?v=S1_x_xzODbk

Documentário Joprge Amado o Escritor e o Personagem - https://www.youtube.com/watch?v=5DD0pZiD-yM

FILME completo – Capitães da Areia - https://www.youtube.com/watch?v=wyZL80cMpSM



FILME Quincas Berro d’Água - https://www.youtube.com/watch?v=XZlVHbNP61Y

Vídeo Gabriela Cravo e Canela - https://www.youtube.com/watch?v=n09q0RJslbg





Documentário – Romance Mar Morto - https://www.youtube.com/watch?v=xcJAJYWaRj8

Vídeo Teatro  do romance Mar Morto - https://www.youtube.com/watch?v=dw63V8FJ4cc

Vídeo do romance Mar Morto - https://www.youtube.com/watch?v=C9qa_mg0D5c

Vídeo Jorge Amado fala sobre o povo brasileiro - https://www.youtube.com/watch?v=7nbMDJImr0o

Vídeo Jorge conversa com personagens dos seus romances e dá conselhos aos novos escritores  - https://www.youtube.com/watch?v=pGCo4Bz3lks


APRESENTAÇÃO- todo o grupo junto (devem ensaiar para que a apresentação seja bacana)
Leituras das sínteses dos romances Gabriela Cravo e Canela e Jubiabá e suas respectivas músicas

LEITOR 1 (leitura) Gabriela Cravo e Canela: Síntese da obra

Gabriela Cravo e Canela é um dos romances mais célebres de Jorge Amado e representa um momento de mudança na produção literária do autor. Se numa primeira fase o romancista abordou temas em que a preocupação social sobressaía, posteriormente sua obra caracteriza-se por uma crônica de costumes, deliciosamente marcada por tipos populares, poderosos coronéis e mulheres sensuais. Dona Flor e Tereza Batista, personagens, respectivamente, dos romances Dona Flor e seus dois maridos e Tereza Batista cansada de guerra são figuras típicas dessa fase.
Se desde o primeiro momento a prosa de Jorge Amado é recheada de tipos característicos que representam a gente da sua terra, a partir de Gabriela o autor reforça ainda mais uma perspectiva popular e não tem medo de abusar da linguagem simples e do tom coloquial na construção de sua narrativa, fato que lhe proporciona cair nas graças do grande público.
LEITOR 2 - Gabriela é sucesso por onde passa
Desde o seu lançamento, em 1958, Gabriela alcançou notoriedade, ganhou inúmeras traduções mundo afora e teve seu enredo adaptado para novelas, minissérie e filme, que sempre repetiram o sucesso do romance.
Trata-se de uma história de amor entre Gabriela, a morena feita de cravo e canela, que conquista o amor do árabe Nacib e desafia os costumes de sua época. O romance é ambientado na Ilhéus dos anos 1920, uma cidade do interior baiano que passa por súbitas transformações graças à riqueza que a cultura do cacau está trazendo para a região.
Tudo começa quando a cidade está em ebulição com a notícia de um duplo assassinato. O fazendeiro Jesuíno Mendonça, que não era homem de aceitar mansamente que lhe colocassem cornos, matou a tiros sua esposa e o cirurgião-dentista, moço elegante recém-chegado a Ilhéus e pelo visto afeito a conquistas perigosas.
LEITOR 3 - Mesmo envolvido pela comoção dessa notícia de honra e sangue, o árabe Nacib tem que se confrontar com uma brusca mudança, essa sim capaz de afetar seus interesses. Filomena, a cozinheira do seu bar, partiu para viver com o filho, deixando-o justamente às vésperas de um importante jantar encomendado.
Movido pela necessidade urgente de empregar uma nova cozinheira, Nacib acaba encontrando Gabriela, uma sertaneja retirante que chegava à cidade em busca de trabalho. Meio desconfiado dos reais dotes da moça, Nacib arrisca-se a levar a retirante para o seu bar e logo ficará surpreendido pelos predicados de Gabriela, que vão muito além dos segredos da boa cozinha.
Não passará muito tempo antes que Nacib se apaixone pela liberdade, beleza e sensualidade dessa retirante sertaneja e mais cedo ainda perceberá o fascínio que ela desperta em todos que dela se aproximam. Ciúmes, rompimento e reviravolta tomarão conta de uma narrativa envolvente, recheada de tipos e situações pitorescas em que Jorge Amado nos brinda com Gabriela, um dos personagens mais admirados da literatura brasileira.

Todos, acompanhando a gravação, cantarão a música Modinha para Gabriela.

Modinha Para Gabriela

Gal Costa

Quando eu vim para esse mundo,
Eu não atinava em nada
Hoje eu sou Gabriela
Gabriela, iê... Meus camarada!

Eu nasci assim, eu cresci assim,
E sou mesmo assim, vou ser sempre assim:
Gabriela, sempre Gabriela!
Quem me batizou, quem me nomeou,
Pouco me importou, é assim que eu sou
Gabriela, sempre Gabriela!

Quando eu vim para esse mundo,
Eu não atinava em nada
Hoje eu sou Gabriela
Gabriela, iê... Meus camarada!

Eu nasci assim, eu cresci assim,
E sou mesmo assim, vou ser sempre assim:
Gabriela, sempre Gabriela!
Quem me batizou, quem me nomeou,
Pouco me importou, é assim que eu sou
Gabriela, sempre Gabriela!

Eu sou sempre igual não desejo o mal
Amo o natural, etc e tal.
Gabriela, sempre Gabriela!

Eu nasci assim, eu cresci assim,
E sou mesmo assim, vou ser sempre assim:
Gabriela, sempre Gabriela!
Quem me batizou, quem me nomeou,
Pouco me importou, é assim que eu sou
Gabriela, sempre Gabriela!

Eu sou sempre igual não desejo o mal
Amo o natural, etc e tal.
Gabriela, sempre Gabriela!











LEITOR 4 - Jubiabá  Romance, 1935 | Posfácio de Antônio Dimas
     Antônio Balduíno é um garoto pobre, criado no morro do Capa-Negro. Ali, convive com os homens mais respeitados do lugar, como o violeiro Zé Camarão e o pai-de-santo Jubiabá. Ainda criança, Baldo deseja que sua história seja cantada num ABC, composição popular em louvor de heróis e santos.
     Depois que a tia de criação enlouquece, Baldo é entregue à guarda do comendador Pereira. Vivendo confortavelmente na casa nova, tem como companhia a menina Lindinalva. Certo dia, porém, é obrigado a fugir. Têm início assim as aventuras que farão a fama de Antônio Balduíno.
     O rapaz passa um tempo como mendigo, pelas ruas. Depois, torna-se o boxeador Baldo, o Negro. Freqüenta o Lanterna dos Afogados, bar da beira do cais da Bahia. Compõe e vende sambas. Viaja ao Recôncavo, onde trabalha numa plantação de fumo. Integra-se a uma trupe de circo e coleciona amantes pelo caminho.
     Mas Baldo permanece fiel ao seu amor platônico por Lindinalva. É graças a um pedido dela que se torna estivador e assume a liderança de uma greve geral em Salvador. Como diz pai Jubiabá, a escravidão ainda não acabou, e Baldo se recusa a baixar a cabeça. Finalmente, o ABC de Antônio Balduíno conta que o negro valente e brigão lutou pela liberdade de seu povo.
     Quarto livro publicado por Jorge Amado, Jubiabá conta a história de um dos primeiros heróis negros da literatura brasileira. O romance é central na obra do autor: as contradições entre o mundo do trabalho, o conflito racial, a ideologia, a luta e, de outro lado, a cultura popular, o universo das festas, o sincretismo religioso, a miscigenação e a sensualidade vão marcar toda a sua produção.



LEITOR 5 - Escrito em meados de 1934, na cidade de Conceição da Feira, na Bahia, quando Jorge Amado tinha 22 anos, Jubiabá foi concluído no Rio de Janeiro no ano seguinte.
     Alguns personagens marcantes de livros posteriores do autor aparecem aqui. É o caso dos marinheiros Guma e mestre Manuel, de Mar morto (1936) e de A morte e a morte de Quincas Berro Dágua (1961). A história de Pedro Bala, de Capitães da Areia (1937), lembra em muitos aspectos a trajetória de Antônio Balduíno. E o romance Tenda dos milagres (1969) retoma e retrabalha temas de Jubiabá. O pai-de-santo Jubiabá, por sua vez, realmente existiu, de acordo com o que Jorge Amado registra no guia Bahia de Todos os Santos (1945).
     O romance projetou o escritor internacionalmente. Quando de sua publicação em francês, pela editora Gallimard, com o título de Bahia de Tous les Saints,foi saudado pelo escritor Albert Camus como um livro “magnífico e assombroso”.
     Traduzido para catorze idiomas, Jubiabá virou radionovela na década de 40 e ganhou adaptações teatrais nas décadas de 60 e 70. O cineasta Nelson Pereira dos Santos dirigiu, em 1985, uma adaptação do romance em versões para cinema e TV. A história foi adaptada ainda para os quadrinhos e publicada na coleção “Edição Maravilhosa”.


Agora todo o grupo entoará a canção Jubiabá, seguindo a gravação.


Jubiabá

Gerônimo

É ele o estivador
Seu suingue é um suor
Ô, ô
Toda nega faz amor com ele, ô, ô
Toda branca tem maior tensão, ô, ô
Arêre tem confusão na pele
Tem Jubiabá seu protetor
Toda nega faz amor com ele, ô, ô
Toda branca tem maior tensão,ô, ô
Arêre de confusão na pele
Tem Jubiabá seu protetor
Jubiabá, baba, baba, babalaô
Jubiabá
Bauduíno guerreira
Jubuabá, baba, baba, babalaô
Jubiabá
É de canto e de samba
Jubuabá, baba, baba, babalaô
Jubiabá
É comum no coração
Jubuabá, baba, baba, babalaô
Jubiabá
Luta pela divisão
Baba, baba, baba, baba, baba, ba, ba, ba
Jubuabá, baba, baba, babalaô
Jubiabá
Na boca do mangue é rei
Despediu-se um grande amor
Uma bala cega sem destino, ô,ô
Foi no peito do trabalho,ô,ô
Este era o sonho do menino
Bauduíno sempre vencedor




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