Conteúdo recorrente em concursos, certificações e similares é o que diz respeito às funções da Linguagem. Em todas as relações que mantemos usamos diversas funções de linguagem.
Eis aqui um apontamento.
Antes de estudarmos Funções de Linguagem, é essencial que tenhamos o conhecimento de alguns elementos da comunicação:
a) Emissor ou destinador: é de onde se parti a mensagem;
b) Mensagem: é o conteúdo informativo que está sendo transmitido;
c) Receptor ou destinatário: é o alvo do emissor para receber a mensagem transmitida;
d) Canal de Comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida. Visual, auditivo ou sinestésico (visual e auditivo);
e) Código: é a maneira pela qual a mensagem se organiza. O código é formado por um conjunto de sinais, organizados de acordo com determinadas regras. Pode ser através da fala, escrita, gestos, código Morse, sons etc. O código deve ser de conhecimento do emissor e do receptor;
f) Contexto ou Referente: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.
Eis as Funções:
FUNÇÃO REFERENCIAL, DENOTATIVA ou INFORMATIVA
Centrada no referente (informações da realidade).
Sua finalidade é Traduzir a realidade, o sentido real das coisas. Preocupa-se com a mensagem. Objetiva, direta, denotativa.
Caracteriza-se pela neutralidade do emissor; objetividade e precisão; conteúdo informacional; verbos na 3ª pessoa.
Exemplos: Textos jornalísticos, científicos, arte realista, cartas comerciais, redações técnicas, manuais de instruções, bulas de remédios, relatórios, resenhas, resumos, informes e descrições. Na propaganda – informações gerais sobre o produto ou serviço.
FUNÇÃO EMOTIVA ou EXPRESSIVA
Centralizada no O emissor (sua opinião, emoção, atitude)
Tem por finalidade expressar opiniões, emoções, sentimentos, atitude em relação ao conteúdo.
Suas características são: Verbos e pronomes em 1ª pessoa, julgamentos subjetivos, interjeições com valor emotivo; entonações características (oral); figuras literárias; criações literárias.
Exemplos: Autobiografias, cartas de amor, cartas líricas, memórias, poesias líricas, biografias. Na propaganda quando o comercial é feito por meio de testemunho de pessoas conhecidas publicamente (artistas, desportistas, etc.) que expressam suas opiniões sobre o produto ou serviço anunciado.
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto,
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Vinícius de Morais
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto,
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Vinícius de Morais
http://exercicios.brasilescola.com/gramatica/exercicios-sobre-as-funcoes-linguagem.htm#questao490 Acessado em: 03/7/2012
FUNÇÃO CONATIVA ou APELATIVA
Centraliza-se no receptor (destinatário)
Tem por objetivo convencer o receptor a praticar determinada ação, ou seja, influenciar o comportamento do destinatário da mensagem.
Caracteriza-se por apresentar verbos no imperativo na 2ª ou 3ª pessoa; uso de vocativos; uso de pronomes de 2ª pessoa – tu, vós, você, vocês.
Exemplos: Textos publicitários e políticos, linguagem comum, sermões, propagandas, figuras de linguagem.
Exemplo:
Quando saí de casa, o velho José Paulino me disse:
Não vá perder o seu tempo. Estude, que não se arrepende.
Eu não sabia nada. Levava para o colégio um corpo sacudido pelas paixões de homem feito e uma alma mais velha do que o meu corpo. Aquele Sérgio, de Raul Pompéia, entrava no internato de cabelos grandes e com uma alma de anjo cheirando a virgindade. Eu não: era sabendo de tudo, era adiantado nos anos, que ia atravessar as portas do meu colégio.
Menino perdido, menino de engenho.
José Lins do Rego - Menino de Engenho, Ed. Moderna Ltda., São Paulo, 1983.
Não vá perder o seu tempo. Estude, que não se arrepende.
Eu não sabia nada. Levava para o colégio um corpo sacudido pelas paixões de homem feito e uma alma mais velha do que o meu corpo. Aquele Sérgio, de Raul Pompéia, entrava no internato de cabelos grandes e com uma alma de anjo cheirando a virgindade. Eu não: era sabendo de tudo, era adiantado nos anos, que ia atravessar as portas do meu colégio.
Menino perdido, menino de engenho.
José Lins do Rego - Menino de Engenho, Ed. Moderna Ltda., São Paulo, 1983.
Tem-se na fala de José Paulino exemplo de função de linguagem denominada conativa ou apelativa.
http://vestiweb.blogspot.com.br/2012/05/exercicios-funcao-da-linguagem-e-do-que.html Acessado em: 03/7/2012
FUNÇAO METALINGUÍSTICA
Centraliza-se no código.
Objetiva dar explicações ou dar precisão ao código utilizado pelo emissor. Falar da própria linguagem, a língua como forma de expressão. Fornecer informações conceituais, definições e explicações.
Características: Usa-se o código para falar dele mesmo: literatura, pintura, cinema, música, etc.
Uso de expressões como “isto é”, ”ou seja,”, “quer dizer”.
A língua é um sistema de signos que exprime ideias.
Exemplos: Gramática, dicionário, a poesia que fala da poesia, um texto que comenta outro texto, textos explicativos e didáticos, linguagem científica, comentários descritivos de imagens, análises, propaganda de propaganda, sinais de trânsito, etc.
Exemplo:
POÉTICA
Que é poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos os lados
Que é um poeta?
um homem
que trabalha um poema
com o suor do seu rosto
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.
(Cassiano Ricardo)
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=11399 Acessado em: 03/7/2012
FUNÇÃO FÁTICA ou de CONTATO
Centraliza-se no canal (o contato físico ou psicológico)
Finalidade: Chamar a atenção do receptor e assegurar que este não se distraia. Prolongar ou interromper a comunicação. Tudo o que na mensagem serve para estabelecer, manter ou cortar o contato.
Caracteriza-se pela manifestação do desejo de comunicação e pela manutenção dos vínculos sociais.
Exemplos: As falas telefônicas e informais, a música, os cumprimentos
A ascensorista e o viúvo trataram-se como sempre:
-Tudo bem com você?
- Tudo. E você?
-Tudo bem!
-Ah... Até mais tarde.
-Até mais tarde
-Tudo bem com você?
- Tudo. E você?
-Tudo bem!
-Ah... Até mais tarde.
-Até mais tarde
http://exercicios.brasilescola.com/gramatica/exercicios-sobre-as-funcoes-linguagem.htm#resposta-490 03/7/2012 Acessado em: 03/7/2012
Alô! Você está me ouvindo? Um momento, por favor. Vou desligar
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=11399 Acessado em: 03/7/2012
" - Que coisa, né?
- É. Puxa vida!
- Ora, droga!
- Bolas!
- Que troço!
- Coisa de louco!
- É!"
- É. Puxa vida!
- Ora, droga!
- Bolas!
- Que troço!
- Coisa de louco!
- É!"
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=11399 Acessado em: 03/7/2012
Um outro exemplo de função fática:
extraído de “ a hora da estrela” de Clarisse Lispector.
“Enfim o que acontecer, acontecera. e por quanto nada aconteceria, os dois não sabiam inventar acontecimentos. sentavam- se no que é de graça: banco de praça pública. e de acomodados, nada os destinguiria do resto do nada. para a grande glória de deus. ele fala:
ele:- pois é!
ela:- pois é o que?
ele:- eu só disse pois é!
ela:- mas pois é o que?
ele:- melhor mudar- mos de assunto por que você não me entende.
ela:- entende o que?
ele:- santa virgem Macabéa, vamos mudar de assunto e já!
ela:- pois é o que?
ele:- eu só disse pois é!
ela:- mas pois é o que?
ele:- melhor mudar- mos de assunto por que você não me entende.
ela:- entende o que?
ele:- santa virgem Macabéa, vamos mudar de assunto e já!
FUNÇÃO POÉTICA
Está centrada na própria mensagem
Seu objetivo é Suplementar ou modificar o sentido denotativo da mensagem. É dominante na poesia mas vai além desta.
Suas Características são: Ritmo; Jogo das sonoridades; Estrutura; Grafismo; Espacialidade; Figuras de harmonia, repetição e pensamento.
Exemplos: Textos literários, poesias e versos, propaganda.
O verbo infinitivo
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então ouvir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito... (Vinícius de Morais)
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então ouvir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito... (Vinícius de Morais)
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=11399
Acessado em: 03/7/2012
A função poética é mais comum em textos literários, especialmente nos poemas que enfatizam com mais frequência a subjetividade. Todavia podemos encontrar esse tipo de função nos anúncios publicitários e na prosa, bem como aliada aos demais tipos de função, como a emotiva.
Anúncio publicitário:
"Chegou o milagre azul para lavar!
Lave na espuma de Omo e tenha a roupa mais limpa do mundo!
Onde Omo cai, a sujeira sai!" (propaganda Omo, 1957)
Lave na espuma de Omo e tenha a roupa mais limpa do mundo!
Onde Omo cai, a sujeira sai!" (propaganda Omo, 1957)
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