sábado, 20 de dezembro de 2014

Ferocidade Declarada



Ferocidade Declarada

Por José Gomes

Resguardadas as privilegiadas exceções, a espécie humana, de modo geral, vive o auge do egoísmo, da luxúria, da intolerância face à diversidade dentro da própria espécie. Os indivíduos estão tomados por stress, fúria e violência desenfreada como nunca antes estiveram.
O ser humano é promotor de roubos, assassinatos, depredação do patrimônio público e do privado, guerras, tráfico e uso de drogas ilícitas, e de situações malignas as mais diversas.
Como se não bastasse toda essa gama de irracionalidade, a MODA vem ajudando as pessoas a externarem ainda mais o seu lado mau, feroz, felino: são tecidos com estampas de pele de onça pintada e de tigre indiano. Essas fazendas  são transformadas em vestidos, blusas, calças, cintos, bolsas, sapatilhas, etc., e o que chama a atenção é a variação de cores da ilustração: a original, da pele  da onça, azul, lilás, e até verde. Já pensou, uma “pintada” verde?
São as mulheres que seguem o que essa MODA manda. Nada de usar pele de cordeiro ou o branco da pomba. As damas adeiram fielmente à exibição do espírito felino ao adotarem e consumirem amplamente roupas e acessórios cujos desenhos representam a epiderme das espécimes supra referidas.
A MODA faz desabrochar o espírito felídeo das mulheres. Além de “estarem na MODA”, elas são, por adoção, felinas. Não é raro as pessoas femininas serem chamadas de “gatas”,  “leoas” ou “tigresas”. Todavia, que temperamento tem uma dama que obedece a MODA e usa estampas felídeas para se sentirem elegantes?. Como realmente é a sujeita dentro de uma roupa de pele de onça ou de tigre? É apenas um ser ingênuo que acompanha a MODA? Ou é alguém que aproveita o estilo para demonstrar sua ferocidade? As respostas estão com as usuárias.
O certo é que nem é preciso que haja tecido ilustrado de peles de animais para que o ser humano faça saber seu lado desumano em tempos de intolerância e violência  galopante.

Para ilustras o presente texto, a música Fera Ferida, de Roberto Carlos.

Fera Ferida

Roberto Carlos

Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos
Rasgados na minha saída...

Mas saí ferido
Sufocando meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes
No peito atingido...

Animal arisco
Domesticado esquece o risco
Me deixei enganar
E até me levar por você...

Eu sei!
Quanta tristeza eu tive
Mas mesmo assim se vive
Morrendo aos poucos por amor
Eu sei!
O coração perdôa
Mas não esquece à tôa
E eu não me esqueci...

Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou Fera Ferida
No corpo, na alma
E no coração...(2x)

Eu andei demais
Não olhei prá trás
Era solto em meus passos
Bicho livre, sem rumo
Sem laços!...

Me senti sozinho
Tropeçando em meu caminho
À procura de abrigo
Uma ajuda, um lugar
Um amigo...

Animal ferido
Por instinto decidido
Os meus rastros desfiz
Tentativa infeliz
De esquecer...

Eu sei!
Que flores existiram
Mas que não resistiram
A vendavais constantes
Eu sei!
Que as cicatrizes falam
Mas as palavras calam
O que eu não me esqueci...

Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou Fera Ferida
No corpo, na alma
E no coração...(2x)

Sou Fera Ferida
No corpo, na alma
E no coração...(2x)

Disponível em: http://letras.mus.br/roberto-carlos/48603/ Acessado em: 1º de dezembro de 2014.

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