domingo, 25 de dezembro de 2016



INDISCIPLINADOS NO FAROESTE

By José Gomes da Silva
24/12/2016

Em tempos passados os condutores de veículos motorizados sabiam que na zona urbana deveriam reduzir a velocidade do seu meio de transporte, e o faziam ordeiramente. Agora, especialmente os motoqueiros, “meninos” ou “meninas”, parecem “voar” a mil por hora, em ruas estreitas, avenidas ou qualquer parte da cidade, e a transitar em espaços não destinados ao tráfego.
Presenciei não poucas vezes e sou testemunha de que isso acontece em Várzea da Roça, cotidianamente. Nessa urbe nordestina do orbe não há sinalização do trânsito nem soldadinhos de chumbo para controlar os impulsos dos bárbaros condutores das motocicletas, “aviões a jato” que, sem asas, imprimem sobre o solo toda a velocidade possível, sem se importarem com a estreiteza das ruas, com os pedestres e com outros congêneres, numa flagrante transgressão da ordem pública.
São constantes os desmandos no tráfego varzeano, com maior incidência da Praça Top.Pedro Magalhães até  a Alfredo Navarro. Muitos demonstrando toda falta de educação e preparo para conduzir, como a dizerem: “ – Sai da frente que o mundo é todo meu”.
Inconcebível é  presenciar  “Jecas” atravessando de moto o calçadão do mercado municipal, aproveitando-se das rampas de acessibilidade, cujo fim é outro,  para encurtarem caminho para os seus destinos. Nesse espaço pessoal alguma pode se sentir segura.
É de se imaginar que tais motoristas desconhecem as regras de trânsito; que conseguiram suas habilitações através do “jeitinho brasileiro”; que são grosseiros e agressivos como os hunos; ou cujos cérebros têm pouca massa encefálica e não assimilam os princípios da ordem e da boa convivência. Será que a civilidade não chegou para esses varzeanos? Ou será que agem como os cowboys agiam no antigo faroeste americano, terra sem lei?
Até quando as pessoas ordeiras terão que conviver  com Átilas, Calígulas, Neros, etc., como se estivessem nas cidades da Índia onde as pessoas vivem juntas e misturadas com veículos automotores, vacas, macacos e tuk tuks?
Diante dessa desordem de terceiro mundo, sugiro às autoridades municipais providenciar sinalizar o trânsito local, principalmente nos pontos nevrálgicos, promover cursos de orientação para o trânsito urbano,  para motoqueiros  que desconhecem as leis de trafegar, aumentar o efetivo policial a fim de fiscalizar essa questão,  criar leis municipais junto ao legislativo e estabelecer punições para os infratores indisciplinados, aqui no faroeste sertanejo ou do fatalismo indiano.


INDISCIPLINADOS NO FAROESTE

By José Gomes da Silva
24/12/2016

Em tempos passados os condutores de veículos motorizados sabiam que na zona urbana deveriam reduzir a velocidade do seu meio de transporte, e o faziam ordeiramente. Agora, especialmente os motoqueiros, “meninos” ou “meninas”, parecem “voar” a mil por hora, em ruas estreitas, avenidas ou qualquer parte da cidade, e a transitar em espaços não destinados ao tráfego.
Presenciei não poucas vezes e sou testemunha de que isso acontece em Várzea da Roça, cotidianamente. Nessa urbe nordestina do orbe não há sinalização do trânsito nem soldadinhos de chumbo para controlar os impulsos dos bárbaros condutores das motocicletas, “aviões a jato” que, sem asas, imprimem sobre o solo toda a velocidade possível, sem se importarem com a estreiteza das ruas, com os pedestres e com outros congêneres, numa flagrante transgressão da ordem pública.
São constantes os desmandos no tráfego varzeano, com maior incidência da Praça Top.Pedro Magalhães até  a Alfredo Navarro. Muitos demonstrando toda falta de educação e preparo para conduzir, como a dizerem: “ – Sai da frente que o mundo é todo meu”.
Inconcebível é  presenciar  “Jecas” atravessando de moto o calçadão do mercado municipal, aproveitando-se das rampas de acessibilidade, cujo fim é outro,  para encurtarem caminho para os seus destinos. Nesse espaço pessoal alguma pode se sentir segura.
É de se imaginar que tais motoristas desconhecem as regras de trânsito; que conseguiram suas habilitações através do “jeitinho brasileiro”; que são grosseiros e agressivos como os hunos; ou cujos cérebros têm pouca massa encefálica e não assimilam os princípios da ordem e da boa convivência. Será que a civilidade não chegou para esses varzeanos? Ou será que agem como os cowboys agiam no antigo faroeste americano, terra sem lei?
Até quando as pessoas ordeiras terão que conviver  com Átilas, Calígulas, Neros, etc., como se estivessem nas cidades da Índia onde as pessoas vivem juntas e misturadas com veículos automotores, vacas, macacos e tuk tuks?
Diante dessa desordem de terceiro mundo, sugiro às autoridades municipais providenciar sinalizar o trânsito local, principalmente nos pontos nevrálgicos, promover cursos de orientação para o trânsito urbano,  para motoqueiros  que desconhecem as leis de trafegar, aumentar o efetivo policial a fim de fiscalizar essa questão,  criar leis municipais junto ao legislativo e estabelecer punições para os infratores indisciplinados, aqui no faroeste sertanejo ou do fatalismo indiano.

terça-feira, 10 de maio de 2016





DIA DAS MÃES



Muitos entes têm no espaço de cada ano um dia a si dedicado. Há o dia da árvore, o dia do trabalho, o dia do índio, o dia de cada santo... e o DIA DAS MÃES, MOTHERS, MADRES, MAMMAS, sendo que  mais antiga comemoração desse dia  é mitológica. Na Grécia antiga, a entrada da primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses.  A celebração desse dia foi aprimorada nos Estados Unidos da América e chegou ao nosso tempo..
É um dia dedicado às genitoras, àquelas mulheres que dão a luz. E é ao mesmo tempo um dia divisor de emoções:  emoções de alegrias para que tem mãe; e emoções de tristeza para quem não a tem..
No dia das mães do ano passado as minhas emoções eram de contentamento e regozijo por que ter em minha companhia o meu maior bem, naquele dia contando com 94 anos de idade. Todavia... eis que numa traiçoeira autora de outubro, esse bem maior partiu do meu convívio. Agora eu faço parte do “clube” dos que não têm mães, e estou certo de que, nessa condição, minha existência perdeu muito da sua essência, do seu sentido.
A falta de mãe torna nossa vida mais opaca e lúgubre e nos naufraga num oceano de saudades tempestuosas; envolve-nos na vontade de um reencontro prometido, que pela falta de pressa do tempo se torna numa demora de implacável espera, e, ainda, para termos esse direito de nos reencontrarmos, teremos que passar pela prova de merecimento, conforme tenhamos  agido durante nossas vidas. Se não formos aprovados, tudo terá sido consumado no momento em que o sopro da vida terminou.
Hoje é o primeiro dia das mães (embora creio que todos os dias podem ser dedicados a elas) que passo sem D. NASA (Maria Gomes).
Em sua memória, e como homenagem póstuma, dedico-lhe essa música, cuja letra ilustra tão bem  nossa separação.
Eis a música que também dedico a todas as minhas amigas virtuais que são mães.

José Gomes – 08/05/2016.

Mamãe

Agnaldo Timóteo


O véu da noite vai chegar e docemente vai nublar
Os olhos meigos de mamãe

Que vendo a vida se apagar
Que tendo amor a transbordar
Repete ainda uma oração
Tremendo os lábios de emoção

Ao ver que estou a soluçar e uma lágrima rolar
Me pede cheia de ternura que lhe dedique uma canção
Ai mamãe

Vejo em teu rosto angelical
Que Deus a chama Para si
Me castigando
Ai mamãe

Santa Maria envolverá com Sua luz celestial
E a voz de um anjo cantará a sua Ave Ave-Maria
Ave-Maria

Há tanto amor
Tanta bondade em teu viver
Oh mamãe

Enquanto a vida em mim florir
Tua lembrança há de existir

Hás de seguir sempre ao meu lado
Enquanto eu vivo
Oh mamãe

Quando chorar
Quando sorrir
Relembrarei
Ai mamãe

E jamais, jamais, jamais
Te afastará

https://www.youtube.com/watch?v=jdcK_UfL9zw

quinta-feira, 24 de março de 2016

Série de Textos intitulados Circuito Fechado





Circuito Fechado

Ricardo Ramos
  Circuito Fechado 1

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina,sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, bloco de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetor de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, chinelos. Vaso, descarga, pia, água, escova, creme dental, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

Circuito Fechado 2

Dentes, cabelos, um pouco do ouvido esquerdo e da visão. A memória intermediária, não a de muito longe nem a de ontem. Parentes, amigos, por morte, distância, desvio. Livros, de empréstimo, esquecimento e mudança. Mulheres também, como os seus temas. Móveis, imóveis, roupas, terrenos, relógios, paisagens, os bens da infância, do caminho, do entendimento. Flores e frutos, a cada ano, chegando e se despedindo, quem sabe não virão mais, como o jasmim no muro, as romãs encarnadas, os pés de pau. Luzes, do candeeiro ao vaga-lume. Várias vozes, conversando, contando, chamando, e seus ecos, na música, seu registro. Várias vozes, conversando, contando, chamando, e seus ecos, sua música, seu registro. O alfinete das primeiras gravatas e o sentimento delas. A letra das canções que foram importantes. Um par de alpercatas, uns sapatos pretos de verniz, outros marrons de sola dupla. Todas as descobertas, no feitio de crescerem e se reduzirem depois, acomodadas em convívio, costumes, a personagem, o fato, a amiga. As idéias, as atitudes, as posições, com a sua revisada, apagada consciência. O distintivo sem cor nem formato. Qualquer experiência, de profissão, de gosto, de vida, que se nivela incorporada, nunca depois, quando é preciso tomá-la entre os dedos como um fio e atá-la. Os bondes, os trilhos. As caixas-d’água, os cata-ventos. Os porta-chapéus, as cantoneiras. Palavras, que foram saindo, riscadas, esquecidas. Vaga praia, procissão, sabor de milho, manhã, o calor passado não adormecia. Um cheiro urbano, depois da chuva no asfalto, com o namoro que arredondava as árvores. Ansiedade, ou timidez, mais antes e após, sons que subiam pela janela entrando muito agudos, ou muito mornos. Sino, apito de trem. Os rostos, as páginas. Lugares, lacunas. Por que não instantes? As sensações, todas as de não guardar. O retrato
mudando na parede, no espelho. Desbotando. Os dias, não as noites, são o que mais ficou perdido.

Circuito Fechado 3

Muito prazer. Por favor, quer ver o meu saldo? Acho que sim. Que bom telefonar, foi ótimo, agora mesmo estava pensando em você. Puro, com gelo. Passe mais tarde, ainda não fiz, não está pronto. Amanhã eu ligo, e digo alguma coisa. Guarde o troco. Penso que sim. Este mês, não, fica para o outro. Desculpe, não me lembrei. Veja logo a conta, sim? É uma pena, mas hoje não posso, tenho um jantar. Vinte litros, da comum. Acho que não. Nas próximas férias, vou até lá, de carro. Gosto mais assim, com azul. Bem, obrigado, e você? Feitas as contas, estava errado. Creio que não. Já, pode levar. Ontem aquele calor, hoje chovendo. Não filha, não é assim que se faz. Onde está minha camisa amarela? Às vezes, só quando faz frio. Penso que não. Vamos indo, naquela base. Que é que você tem? Se for preciso, dou um pulo aí. Amanhã eu telefono e marco, mas fica logo combinado, quase certo. Sim, é um pessoal muito simpático. Foi por acaso, uma coincidência. Não deixe de ver. Quanto mais quente melhor. Não, não é bem assim. Morreu, coitado, faz dois meses. Você não reparou que é outra? Salve, lindos pendões. Mas que esperança. Nem sim, nem não, muito pelo contrário. Como é que que eu vou saber? Antes corto o cabelo, depois passo por lá. Certo. Pra mim, chega. Espere, mais tarde nós vamos. Aí foi que ele disse, não foi no princípio, quem ia advinhar? Deixe, vejo depois. Sim, durmo de lado, com uma perna encolhida. O quê? É, quem diria. Acredito que sim. Boa tarde, como está o senhor? Pague duas, a outra fica para o mês que vem. Oh, há quanto tempo! De lata e bem gelada. Perdoe, não tenho miúdo. Estou com pressa. Como é que pode, se eles não estudam? Só peço que não seja nada. Estou com fome. Não vejo a hora de acabar isto, de sair. Já que você perdeu o fim-de-semana, pôr que não vai pescar? É um chato, um perigo público. Foi há muito tempo. Tudo bem, tudo legal? Gostei de ver. Acho que não, penso que não, creio que não. Acredito que sim. Claro, fechei a porta e botei o carro par dentro. Vamos dormir? É, leia que é bom. Ainda agosto e esse calor. Me acorde cedo amanhã, viu?

Circuito Fechado 4

Ter, haver. Uma sombra no chão, um seguro que se desvalorizou, uma gaiola de passarinho. Uma cicatriz de operação na barriga e mais cinco invisíveis, que doem quando chove. Uma lâmpada de cabeceira, um cachorro vermelho, uma colcha e os seus retalhos. Um envelope com fotografias, não aquele álbum. Um canto de sala e o livro marcado. Um talento para as coisas avulsas, que não duram nem rendem. Uma janela sobre o quintal, depois a rua e os telhados, tudo sem horizonte. Um silêncio por dentro, que olha e lembra, quando se engarrafam o trânsito, os dias, as pessoas. Uma curva de estrada e uma árvore, um filho, uma filha, um choro no ouvido, um recorte que permanece, e todavia muda. Um armário com roupa e sapatos, que somente veste, e calçam, e nada mais. Uma dor de dente, uma gargalhada, felizmente breves. Um copo de ágata sem dúvida amassado. Uma cidade encantada, mas seca. Um papel de embrulho e cordão, para todos os pacotes a cada instante. Uma procuração, um recuo, uma certeza, que se diluem e confundem, se gastam, e continuam. Um gosto de fruta com travo, um tostão guardado, azinhavrado, foi sempre a menor moeda. Uma régua de cálculo, nunca aprendida. Um quiosque onde se vendia garapa, os copos e as garrafas com o seu brilho de noite. Uma gaveta, uma gravura, os guardanapos de chave e de parede. Um caminhar de cabeça baixa, atento aos buracos da calçada. Um diabo solto, uma prisão que o segura, um garfo e uma porta. Um rol de gente, de sonho com figuras, que passa, que volta, ou se some sem anotação. Uma folhinha, um relógio, muito adiantados. Uma hipermetropia que não deixa ver de perto, é necessário recuar as imagens até o foco. Um realejo que não soube aos sete anos, uma primeira alegria aos quatorze, uma unha encravada e um arrepio depois. Uma fábrica de vista, um descaroçador de algodão, uma usina com a tropa de burros, são os trechos de paisagem com e sem raiz. Um morto, uma dívida, um conto com história. Um cartão de identidade cinzento e uma assinatura floreada, só ela. Um lugar à mesa. Uma tristeza, um espanto, as cartas do baralho, passado, presente e futuro, onde estão? Uma resposta adiada. Uma vida em rascunho, sem tempo de passar a limpo.

Circuito Fechado 5

Não. Não foi o belo, quase nunca, nem ao menos o bonito, porque tudo se veio esgarçando em rotina, sombra com vazio. Não foi o plano, o projeto, a lucidez conduzindo, já que o mistério se fez magia e baralhou os búzios da vontade. Não foi o imaginado, o sonhado, mas a verdade miúda e comovida ser ter de quê. Não foi o tempo que abarca vastamente, não, deve ser o que se conta aos pedaços, recorta, em mesquinha soma, e medrosa. Não foi o prometido, o esperado, antes foram os enganos, os engodos, os adiamentos sempre roubos, pequenos e de importância. Não foi nada útil, ou de se repartir, apenas o de guardar para comer sozinho. Não foi o brilhante, de anel e de relâmpago, simplesmente a luz no vidro. Não foi o bom, foi o barato, não foi o alegre, foi o pouco a pouco, não foi o claro, foi o difuso, pois os encargos chegam logo, e se aprendem, e ficam.
Não foi o momento certo, a maior parte aconteceu de repente, ou cedo, ou tarde, afinal não se repetiu. Não foi a viagem, a longa, larga viagem, de recordar, rever, que as paradas e os horários dividiram muito o roteiro, partiram, nublaram, não devolveram. Não foi o encontro nem a memória, não foi a paisagem nem o esquecimento, foi esse passar de pessoas e o seu reverso de imóvel que se isola e não fala, porque não adianta. Não foi a cidade mas a rua, não foi a figura mas a boca, não foi a chuva mas a calha. Não foi o campo, nem a mata, o morro, nem o rio, a relva, nem a árvore, nem o verde, foi a janela de trem, de carro, de longe. Não foi o livro aberto, a oração disfarçada, a primeira lição. Não foi a lâmpada, o linho, a lenda. Não foi a casa, o quintal, o corredor com portas e pé direito. Não foi o que vem de dentro, e sim o que bate, não se anuncia, e força, abre, e entra. Não foi o pacífico, o sem tumulto, foi até mesmo a guerra, ou melhor o combate, a escaramuça, perdidos de mãos nuas, limpas, as armas brancas. Não foi o amor, a certeza, o amanhã, foram as palavras que representam, a idéia de , o conceito, enfim, a sua redução. Não foi pouco nem muito, foi igual. Não foi sempre, nem faltou, foi mais às vezes. Não foi o que, foi como, e onde, e quando. Não, não fo
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